sábado, junho 21, 2008

Sempre boas notícias

Como estou a quilômetros de distâncio do Rio Grande, só consigo acompanhar as notícias do estado pela internet. E nada melhor para ficar por dentro dos acontecimentos do que ler a página da Zero Hora.
Pelo jeito as coisas vão bem por aí. A Governadora pode voltar a trabalhar tranqüila, já que o pedido de impeachment, formalizado pelo Pessoal, "não atendia aos requisitos formais". É o que eu sempre digo, esses comunistas precisam voltar para a escola, ou quem sabe fazer um cursinho rápido de Direito constitucional. Perderam a chance de derrubar a governadora por desconhecer os "requisitos formais". O velho Marx deve estar de cara com seus seguidores.
Outra boa notícia é que a cobertura eleitoral do jornal da firma tem tudo para ser um sucesso. Das passarelas. Talvez algo tão bom quanto a cobertura da São Paulo Fashion Week. As modelos já estão quase todas prontas. Digo isso porque estou acordado sábado de manhã e vejo a notícia: "Luciana Genro adota novo visual". Eu sempre achei que ela andava meio caidinha. Também, não vai ser fácil competir com a "top model" Manuela....
Pena que na matéria se esqueceram de perguntar para a Luciana se ela sabe quais são os "requisitos formais" de um pedido de impeachment. Quem sabe ela não poderia dar uma ajuda para a companheirada.

segunda-feira, junho 09, 2008

Os postes e os cachorros

Como vocês sabem, aqui estou longe das coisas do Rio Grande. Mas hoje, ao abrir o jornal da cidade me deparei com a estampa da Dona Yeda, nossa ilustre governadora. O texto trazia toda a repercussão das demissões de secretários e comando da Brigada.
Eu até fiquei intrigado com o caso do Busatto. Imagina, um cara que conseguiu sobreviver após o governo Britto, com toda a falcatrua que fizeram, até que demorou para sair do jogo político.
Mas o que mais me intrigou foi o seguinte trecho:

“Em entrevista coletiva, Yeda se mostrou indignada por Feijó ter gravado e divulgado a conversa com Busatto sem avisá-lo. ‘A fala gravada não tem valor ético ou moral quando um sabe que está gravando e outro não sabe que está sendo gravado’, afirmou a tucana.”

Fico me perguntando: a quem ela se referia quando disse “a fala gravada não tem valor ético ou moral”? Claro que ela estava criticando o vice-governador, por ter gravado a conversa sem autorização.
Mas aí me pergunto novamente: em que mundo estamos? O cara admitir que usa dinheiro de órgãos públicos para se eleger, inclusive um que está no centro de uma investigação em que já foi comprovado o desvio de 43milhões de reais; isso não é o problema. Quem agiu mal foi o cara que descobriu a falcatrua e gravou a conversa.
Eu vivo dizendo e repito mais uma vez: está perto o dia em que os postes vão mijar nos cachorros.

sexta-feira, junho 06, 2008

O bom e velho anarquista

1988, o Brasil se preparava para votar pela primeira vez após a ditadura. Raul Seixas e Marcelo Nova faziam uma turnê nacional com o propósito de “levar um pouco do bom e velho Rock’n’Roll para as pessoas”. Existe ainda a gravação de um show que eles fizeram em Itajaí, Santa Catarina. Eis que antes de subirem ao palco os astros se dispõem a dar uma entrevista. Lembrem-se, o País todo está em clima de eleições e Raul Seixas completamente bêbado e debilitado.

Repórter: O que você está achando de participar da turnê com Marcelo Nova e a banda Envergadura Moral?
Raulzito: Ta ótimo. Estou ensaiando minha banda para o show do ano e espero que esteja tudo pronto após o lançamento de prefeitos no Brasil. (a eleição era pra presidente, Raul tirando onda).
Repórter: Você está apoiando algum candidato?
Raulzito: Não, não. Eu não voto. Eu sou anarquista.
Repórter: O que você está achando da política brasileira?
Raulzito: Eu to achando uma merda.
Repórter: Então você não votaria em ninguém?
Raulzito: Não.

Bela entrevista. São dois os objetivos dessa transcrição:

1. Pense em Raul Seixas quando estiver em frente à urna nas próximas eleições e grite um sonoro FODA-SE a todos os políticos. Depois vote nulo!!!

2. Estou me gabando de ter toda a coleção de DVDs do Raul Rock Club aqui em casa. São 11 discos no total.

terça-feira, junho 03, 2008

Óia os comuna!

A história será sempre objeto de seres especiais. A grande massa humana contenta-se em viver. Como Michel Onfray, por exemplo, conseguiu escrever seu livro Contra-história da filosofia? Ele com certeza não revelou pensamentos médios de outras épocas, não fez emergir o discurso do homem comum. Ele fez algo igualmente importante, porém diferente: deu voz a pessoas especiais que foram propositadamente caladas, justamente pela importância de suas palavras.
Mas e o povão, como era? Provavelmente igual ao de hoje: mais preocupado em viver do que qualquer outra coisa. Não pensemos, porém, que aí não existe nenhum tipo de pensamento ou filosofia. Uma filosofia, na sua maior parte, voltada para a existência. Mas não podemos negar também a existência de momentos de extrapolação. (Não é à toa que a maioria da população do mundo usa algum tipo de substância para alterar seu nível de realidade).
Estou falando do tipo clássico de cidadão que acorda todos os dias para trabalhar ou fazer uma função qualquer. Almoça sempre nos mesmos lugares, com algumas variações durante o mês. Mora sozinho, com os amigos, ou é recém casado. Talvez um filho ou dois. Chega em casa e algumas vezes toma uma cerveja e outras fuma um baseado. Geralmente fica de papo com quem está perto.
É justamente dessa conversa que vem a filosofia da massa. A conversa com o pessoal da firma, com a família, com os amigos, com os irmãos, com a mulher, com as crianças e com os desconhecidos. Disso se tira a filosofia do homem comum, aquela que não aparece em nenhum livro de história, pois parece que estão sempre querendo fazer um confronto de idéias.
Imaginem que papel bárbaro teria uma vertente do jornalismo que fizesse vir à tona o que diz o povo ao invés de defender uma ou outra idéia. Seria a documentação da filosofia do homem comum. Talvez algo como uma conversa que gira em torno dos fatos. Aquilo que comprova que apesar das mesmas informações, cada pessoa racionaliza de forma diferente.

Na verdade isso que está escrito aí em cima não tem nada a ver. O negócio é que vale a pena ler a revista Veja dessa semana e descobrir que ainda tem gente esbravejando contra os comunistas. Guerra Fria total. Acho que é o chamado “Efeito Indiana Jones”:

“Os comunistas estão no governo da maioria dos países latino-americanos. O que você faria para sair dessa?”.