terça-feira, outubro 31, 2006

Emprego: piada de mau gosto

Dessa vez fiquei brabo mesmo. Será que só eu penso assim?
Vamos simplificar o cálculo para vislumbrarmos o tamanho do desastre. Suponhamos que o Brasil, nosso glorioso país do futuro, tenha 180 milhões de habitantes e uma taxa de desemprego média de 10%. Nessa visão otimista do quadro nacional, temos que 18 milhões de pessoas não têm fonte de renda nenhuma. A Organização Internacional do Trabalho estima que um terço da população mundial está “desempregada e subempregada”.
Enquanto isso, todos os dias os jornais publicam estudos que demonstram o quanto estamos destruindo nosso planeta. É ponto pacífico, não só entre ambientalistas, que a Terra não suportará este modelo de “desenvolvimento”. Tanto que 179 países assinaram a famosa Agenda 21 durante a Rio 92, ratificada 10 anos mais tarde na Cúpula de Joanesburgo. Mas entre assinar e fazer alguma coisa há uma grande diferença. Já sentimos na pele as mudanças climáticas, a morte dos rios, da terra, dos oceanos, e com eles os seres vivos.
Este contexto serve para demonstrar que não existe, nem haverá, emprego para todo mundo. Pela simples razão de que o planeta não agüentaria. Nosso conceito de trabalho e bem-estar social é incompatível com a sobrevivência da nossa espécie. Para que se mantenha o padrão de vida de uma minoria, sacrificam-se vidas, não só deste nosso tempo, como das gerações futuras.
As promessas de emprego são um engodo aplicado pelas elites de direita e esquerda. O que eles querem?
ESCRAVOS!!!
Escravos que sustentem seus projetos políticos de poder. Trabalhadores no limite da sobrevivência que produzam luxos para uma ínfima parcela da população. E o pior: nos fazem acreditar que a melhor coisa que pode acontecer na vida de um ser humano é conseguir um emprego; passar 80% do seu tempo trabalhando para o enriquecimento alheio; morrer de cansaço, de fadiga; tornar-se um dependente de drogas químicas que aliviam as “doenças do homem moderno”.
É uma palhaçada, e o pior é que não vejo saída para essa situação. Se alguém souber, que se manifeste.

sexta-feira, outubro 13, 2006

Campanha contra o "Trabalho"

A partir desta data, esse humilde blog lança sua campanha contra toda e qualquer forma de "Trabalho". Segundo nosso entendimento, Ele representa uma ditadura mais implacável que quelquer outra vista até hoje. Pior, Ele não tem personificação, é um fantasma que domina corações e mentes em todo o mundo, muito mais que o medo dos terroristas árabes e cruzados. Mata muito mais que todas as guerras juntas. Aniquila culturas. Cria doenças.
Mas como não podemos deixar o bom humor de lado, começamos a campanha com uma suave crônica. Um abraço.
Alternativa viável

Malditos cinco minutos. E maldito seja o cidadão que teve a genial idéia de colocar a ferramenta "soneca" em todos os despertadores do mundo. A tentação é muito grande. O pequeno prazer de dormir só mais um pouquinho é logo substituído por uma feroz luta entre corpo, colchão, mente, travesseiros e cobertas. E os cinco minutos logo viram dez, que viram quinze, vinte, e já não vou tomar banho, trinta, café da manhã pra quê?, só mais um e já está decretado o atraso.
Pronto, outro dia que começa cheio de resmungos e mau humor. Água, água, água na cara e nada resolve. Este saco de ossos e músculos é arrastado novamente, quase inconsciente, para toda aquela infinidade de compromissos inúteis e sem graça que levam a vida.
O verdadeiro ópio do povo é o trabalho. A ilusão do emprego movimenta corações, mentes e toda a força disponível para algo impossível: não existe mais lugar para todo mundo. Governos são eleitos por esta ilusão. Chega a ser quase uma ditadura, como já havia percebido há um bom tempo Debord. Quem tem trabalho vive por ele, quem não tem vive pelo sonho dele.
Vejamos um escritório normal de uma empresa qualquer. Quantas pessoas realmente gostam de estar ali? Dependendo do dia ninguém. Talvez quando acontece alguma coisa muito boa na sua vida particular estas pessoas até nem se importem de trabalhar. Mas daí a realmente gostar do que está fazendo tem um bom caminho.
Ainda por cima começa a chover. Aquela chuvinha chata, de prenúncio de outono. Dias abafados e úmidos. Agora, além de mal humorado, fedido, atrasado e com fome vou chegar molhado. Tudo bem, já estou quase anestesiado.
Abro a porta e todos me olham. Nada de grandes problemas, afinal vou ocupar, no máximo, uns quinze segundos da mente de cada um. Talvez um pouco mais do meu chefe, que vai querer algum tipo de explicação. Só para constar.
Olhando a tela do meu computador não posso deixar de admirar os mendigos. Eles sempre estarão ali para nos lembrar que temos uma alternativa viável.

Reflexões sociológicas sobre a pornografia

Tudo me leva a crer que as atrizes de filmes pornô realmente gostam do que fazem. É claro que em algumas cenas torna-se nítida a simulação do orgasmo. No entanto a maioria parece atingir o clímax durante as filmagens. O que pode ser considerado bastante normal, já que uma vez aceitas as condições em que é realizado o sexo (luzes, câmeras, equipe, cenário,etc.), é inegável a sensação do prazer que ele proporciona.
Esta é a sua grande contribuição: prazer. A indústria de filmes pornô contribui, em altas porcentagens, para a felicidade geral. E não digo simplesmente daqueles que fazem o uso clássico, que não cabe aqui explicar. O gênero infiltrou-se na sociedade, principalmente após sua popularização decorrente da exposição em vídeo locadoras e exibição em quartos de motel. A partir de então todas as pessoas sentem-se livres para exigir o máximo, em termos de satisfação, de seu parceiro.
Além disso, práticas antes censuradas tornaram-se parte integrante de qualquer ato sexual que se preze. Exemplo disso é o impacto que teve o filme “Garganta Profunda” nos anos 70. Pode-se dizer que este foi o primeiro representante pornô a quebrar a barreira do gueto a que eram relegados estes filmes. Devido a sua grande repercussão ele andou circulando por salas respeitáveis do meinstream cinematográfico. Como bem explicita o título, a obra é uma ode ao sexo oral. E me digam: há alguém hoje que não pratique esta modalidade?
Acredito que posso dizer que a indústria de filmes pornográficos é um dos pilares da nossa sociedade. Vejamos: a indústria pornô de São Fernando Valley, na Califórnia, movimenta um negócio que oscila entre 4 e 13 bilhões de dólares ao ano, só nos Estados Unidos. São 11 mil filmes e 6 mil empregos diretos (1200 atores). Imaginem então a rede de negócios que movimenta: representantes de vendas, locadoras, revistas especializadas, cinemas, canais de TV, etc...
É claro que algumas pessoas poderão apontar o lado negativo dessa popularização, ou seja, podem acusar a indústria de contribuir para a banalização do sexo. O que de fato concordo. É uma banalização benéfica em nome do prazer. As pessoas são nitidamente mais felizes com o sexo livre.
Outro grupo que não deve gostar muito dos filmes é o das prostitutas. Além de perderem um considerável mercado, o que é muito difícil estimar, elas são vítima de um golpe moral. Sim, nossas queridas “mulheres da vida” pouco a pouco perderam seu status de professoras do sexo. Eu, por exemplo, já faço parte de uma geração de iniciados pela TV. Os pais vêm-se livres da obrigação de levar seus filhos aos prostíbulos: basta passar numa locadora que está ali uma série de vídeo-aulas à disposição. O encontro com prostitutas dá-se somente perante a curiosidade, já que atualmente todas as pessoas estão dispostas às mais diferentes práticas sexuais.
Pois bem, até os conservadores da moral e bons costumes devem agradecer à indústria do cinema pornográfico. Casais satisfeitos, sexualmente falando, tendem a ter uma relação mais estável. Se não, pelo menos são todos mais felizes.