Por volta dos meus 15, 16 anos de idade eu conheci o Jethro Tull. Foi uma revolução no meu conceito de Rock’n’Roll. É daquelas bandas das quais não damos muita bola na primeira vez que ouvimos. Mas passa um tempo e vem aquela vontade irresistível de botar o disco de novo. Até tornar-se um vício, a ponto de ouvir cinco vezes o “Aqualung” inteiro sem tirar do aparelho. Nas conversas de bar com a turma rocker, o Jethro sempre figurou entre “as quatro bandas fundamentais”, junto com Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple. Claro que com algumas reclamações iradas do tipo “sem Beatles e Rolling Stones eu saio dessa mesa”, ou “meu Deus, não dá para conversar com radicais como vocês”.
De qualquer forma o que vale é a ilustração de que a banda é uma das pedras fundamentais do Rock. Afinal, não é à toa que eu tenho tatuada a capa do “Too old to Rock’n’Roll, too young to die” nas costas.
Eis que essa semana o Jethro Tull veio para Porto Alegre. Única apresentação, segunda-feira, no Teatro do SESI. Infelizmente não pude ir. Questões econômicas (o preço do ingresso, R$ 100, é quase um quarto de meu salário, mais o show do Nazareth) impediram minha presença. Mas tivemos representantes lá, e todos foram unânimes em afirmar que foi um verdadeiro espetáculo, com direito a “uma versão muito louca de ‘Aqualung’”.
Ontem, numa janta de pinhão e vinho lá em casa, entramos no assunto Jethro. Foi unânime a reclamação de que eles deveriam tocar num lugar maior para cobrar um preço mais acessível. Até que alguém se levanta e diz: “eles não querem tocar para grandes públicos porque não são mais uma banda de Rock”. Espanto geral, todos atônitos. Como assim não são mais uma banda de Rock? “Foi o próprio Ian Anderson que disse”.
Vou pesquisar e lá está, no site Whiplash: “Em entrevista realizada pela jornalista Juliana Girardi, da Gazeta do Povo, o vocalista Ian Anderson afirmou que o JETHRO TULL não é uma banda de Rock e diz que um bom show tem de ter doses de confusão e dúvida; confira abaixo um trecho: "Acho que o Jethro Tull seria muito mais conhecido se fôssemos uma banda de rock pesado. Se ainda hoje tocássemos como na época das turnês de 'Aqualung' e 'Thick as a Brick' seria como uma “quick fix” (dose mínima para atingir o efeito de uma certa droga), como uma picada de heroína ou uma carreira de cocaína, seria como uma forte dose de uma droga poderosa. Mas eu não me interesso por drogas de nenhum tipo”.
Que ele não queira tocar em estádios, nem ser comparado com uma droga, tudo bem. Agora, o que isso tem a ver com não ser mais uma banda de Rock? Que declaração infeliz. Podia muito bem ter falado assim: “nós somos uma banda rock diferente, queremos impressionar os fãs a cada show”, ou qualquer outra coisa. O que ele não pode é desrespeitar toda uma história construída em mais de 40 anos de carreira; seus fãs, pessoas que acreditam no Rock’n’Roll. Se ele tem o sonho de tocar em orquestras para a elite, que faça um teste para a Filarmônica de Berlin.
O Jethro é, sim, uma banda de Rock, mesmo que o senhor Ian Anderson não queira. Termino com uma sugestão: troque o nome do seu conjunto. O Jethro Tull não é mais seu, é de todas aquelas pessoas que nos últimos 40 anos compraram seus discos e acreditaram quando o senhor gritava a todos pulmões: “i’m never too old to Rock’n’Roll”!
P.s.: Enquanto isso, os Rolling Stones estão fazendo show de graça na praia e cheirando as cinzas dos pais.
De qualquer forma o que vale é a ilustração de que a banda é uma das pedras fundamentais do Rock. Afinal, não é à toa que eu tenho tatuada a capa do “Too old to Rock’n’Roll, too young to die” nas costas.
Eis que essa semana o Jethro Tull veio para Porto Alegre. Única apresentação, segunda-feira, no Teatro do SESI. Infelizmente não pude ir. Questões econômicas (o preço do ingresso, R$ 100, é quase um quarto de meu salário, mais o show do Nazareth) impediram minha presença. Mas tivemos representantes lá, e todos foram unânimes em afirmar que foi um verdadeiro espetáculo, com direito a “uma versão muito louca de ‘Aqualung’”.
Ontem, numa janta de pinhão e vinho lá em casa, entramos no assunto Jethro. Foi unânime a reclamação de que eles deveriam tocar num lugar maior para cobrar um preço mais acessível. Até que alguém se levanta e diz: “eles não querem tocar para grandes públicos porque não são mais uma banda de Rock”. Espanto geral, todos atônitos. Como assim não são mais uma banda de Rock? “Foi o próprio Ian Anderson que disse”.
Vou pesquisar e lá está, no site Whiplash: “Em entrevista realizada pela jornalista Juliana Girardi, da Gazeta do Povo, o vocalista Ian Anderson afirmou que o JETHRO TULL não é uma banda de Rock e diz que um bom show tem de ter doses de confusão e dúvida; confira abaixo um trecho: "Acho que o Jethro Tull seria muito mais conhecido se fôssemos uma banda de rock pesado. Se ainda hoje tocássemos como na época das turnês de 'Aqualung' e 'Thick as a Brick' seria como uma “quick fix” (dose mínima para atingir o efeito de uma certa droga), como uma picada de heroína ou uma carreira de cocaína, seria como uma forte dose de uma droga poderosa. Mas eu não me interesso por drogas de nenhum tipo”.
Que ele não queira tocar em estádios, nem ser comparado com uma droga, tudo bem. Agora, o que isso tem a ver com não ser mais uma banda de Rock? Que declaração infeliz. Podia muito bem ter falado assim: “nós somos uma banda rock diferente, queremos impressionar os fãs a cada show”, ou qualquer outra coisa. O que ele não pode é desrespeitar toda uma história construída em mais de 40 anos de carreira; seus fãs, pessoas que acreditam no Rock’n’Roll. Se ele tem o sonho de tocar em orquestras para a elite, que faça um teste para a Filarmônica de Berlin.
O Jethro é, sim, uma banda de Rock, mesmo que o senhor Ian Anderson não queira. Termino com uma sugestão: troque o nome do seu conjunto. O Jethro Tull não é mais seu, é de todas aquelas pessoas que nos últimos 40 anos compraram seus discos e acreditaram quando o senhor gritava a todos pulmões: “i’m never too old to Rock’n’Roll”!
P.s.: Enquanto isso, os Rolling Stones estão fazendo show de graça na praia e cheirando as cinzas dos pais.