O Rock’n’Roll está, de fato, nos seus últimos suspiros. Hoje já não existe mais amor ao som. Ninguém quer saber de curtir uma boa festa. Sim, é isso mesmo, e vou tentar explicar com um exemplo prático.
Show do Nazareth, no bar Opinião em Porto Alegre. Estou saindo de casa e dou de cara com um grande rocker, que não via há tempos: Jaime Rocha. Nos abraçamos e ele me olha, sério: “cara, tu acredita que eu não achei um gato pingado para me acompanhar no show?”. Infelizmente tenho que acreditar. Há uns cinco anos teria excursão de Caxias, ingressos esgotados, cambistas, engarrafamento. No entanto, esta parece uma quarta-feira como outra qualquer, talvez até mais quieta. Nas duas quadras que andamos até o Opinião, nenhum movimento de camisas pretas, os bares da José do Patrocínio estão com mesas sobrando, na rua os ônibus seguem com seus trabalhadores para casa.
Entramos em cima da hora, sem fila e sem revista. E aqui ponho um ilustrativo paralelo. Recentemente fui ver a Nação Zumbi, no mesmo local, e nem preciso contar a confusão que estava instalada na rua. Depois da fila, o segurança quase me vira do avesso, procurando não sei o quê, e ainda me olha brabo. No show do Nazareth (vejam bem, uma das mais importantes bandas de Rock da história!), nada, e o mesmo segurança ainda faz uma reverência ao entrarmos no bar.
De qualquer forma lá estamos nós, e o show começa. Rock’n’Roll. Não é à toa que eles são o Nazareth. Depois da introdução já vem uma paulada nos ouvidos: “Razamanaz”. Um clássico, e o público vai ao delírio. Só depois dessa música é que me dou conta de que estou na beira do palco. À minha direita, umas 500 pessoas; à minha esquerda, ninguém. Ainda meio chocado vou pegar uma cerveja. Do mezanino até parece que tem mais gente. Vejam que estou procurando uma alternativa para aplacar minha vergonha. Claro, trazer os caras lá da Escócia, já consagrados por décadas e décadas de carreira, para tocar para meia dúzia de gatos pingados aqui em Porto Alegre, a “cidade rocker”, é uma vergonha.
De qualquer forma vou para o bar, e quase tenho que acordar as garçonetes. Volto para a pista e me abraço na minha namorada para ouvir “Dream On”, que automaticamente passa a ser a “nossa música”. A seguir, uma sucessão de hits: “Telegram”, “This Flight Tonight”, em “Hair Of The Dog”, Dan McCafferty entra com uma gaita de fole e faz um som inacreditável. Novamente delírio na platéia.
Presto atenção em Pete Agnew, e aquele senhor de fila para idosos está totalmente absorvido pelo som. Sua emoção é contagiante. Sem falso sentimentalismo, chegam a me brotar lágrimas nos olhos. Até porque depois de mais de duas horas de puro Rock’n’Roll eles atacam de “Love Hurts”. Nem o mais carrancudo dos motoqueiros resiste e ergue os braços: “love hurts, love hurts”....
Na saída encontro o Rafa, guitarrista da Só Creedence. Comentamos o show e outras amenidades, quando vamos tocar novamente, essas coisas. Lá pelas tantas ele me olha e diz: “Cara, em que shows eu vou levar o meu filho?”.
Meu amigo, o Rock’n’Roll morreu. Essa é a triste realidade.
Show do Nazareth, no bar Opinião em Porto Alegre. Estou saindo de casa e dou de cara com um grande rocker, que não via há tempos: Jaime Rocha. Nos abraçamos e ele me olha, sério: “cara, tu acredita que eu não achei um gato pingado para me acompanhar no show?”. Infelizmente tenho que acreditar. Há uns cinco anos teria excursão de Caxias, ingressos esgotados, cambistas, engarrafamento. No entanto, esta parece uma quarta-feira como outra qualquer, talvez até mais quieta. Nas duas quadras que andamos até o Opinião, nenhum movimento de camisas pretas, os bares da José do Patrocínio estão com mesas sobrando, na rua os ônibus seguem com seus trabalhadores para casa.
Entramos em cima da hora, sem fila e sem revista. E aqui ponho um ilustrativo paralelo. Recentemente fui ver a Nação Zumbi, no mesmo local, e nem preciso contar a confusão que estava instalada na rua. Depois da fila, o segurança quase me vira do avesso, procurando não sei o quê, e ainda me olha brabo. No show do Nazareth (vejam bem, uma das mais importantes bandas de Rock da história!), nada, e o mesmo segurança ainda faz uma reverência ao entrarmos no bar.
De qualquer forma lá estamos nós, e o show começa. Rock’n’Roll. Não é à toa que eles são o Nazareth. Depois da introdução já vem uma paulada nos ouvidos: “Razamanaz”. Um clássico, e o público vai ao delírio. Só depois dessa música é que me dou conta de que estou na beira do palco. À minha direita, umas 500 pessoas; à minha esquerda, ninguém. Ainda meio chocado vou pegar uma cerveja. Do mezanino até parece que tem mais gente. Vejam que estou procurando uma alternativa para aplacar minha vergonha. Claro, trazer os caras lá da Escócia, já consagrados por décadas e décadas de carreira, para tocar para meia dúzia de gatos pingados aqui em Porto Alegre, a “cidade rocker”, é uma vergonha.
De qualquer forma vou para o bar, e quase tenho que acordar as garçonetes. Volto para a pista e me abraço na minha namorada para ouvir “Dream On”, que automaticamente passa a ser a “nossa música”. A seguir, uma sucessão de hits: “Telegram”, “This Flight Tonight”, em “Hair Of The Dog”, Dan McCafferty entra com uma gaita de fole e faz um som inacreditável. Novamente delírio na platéia.
Presto atenção em Pete Agnew, e aquele senhor de fila para idosos está totalmente absorvido pelo som. Sua emoção é contagiante. Sem falso sentimentalismo, chegam a me brotar lágrimas nos olhos. Até porque depois de mais de duas horas de puro Rock’n’Roll eles atacam de “Love Hurts”. Nem o mais carrancudo dos motoqueiros resiste e ergue os braços: “love hurts, love hurts”....
Na saída encontro o Rafa, guitarrista da Só Creedence. Comentamos o show e outras amenidades, quando vamos tocar novamente, essas coisas. Lá pelas tantas ele me olha e diz: “Cara, em que shows eu vou levar o meu filho?”.
Meu amigo, o Rock’n’Roll morreu. Essa é a triste realidade.
Um comentário:
tche, pelamordedeus ninguém mais sabe quem é nazareth é impressionante. na semana do show fiquei rodando uns discos em casa e a galera SEMPRE perguntava quem é que tá tocando. é foda.
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