quarta-feira, abril 09, 2008

O bom e velho Engenheiros

Hoje acordei e, como sempre, coloquei um disco antes de entrar no chuveiro. Desta vez foi Ouça o que eu digo: não ouça ninguém, dos Engenheiros do Hawaii. Uma obra prima. Algumas músicas são fantásticas, como Cidade em chamas, Sob o tapete, ?Desde quando?. Acabo o banho e viro o lado (sim, estamos falando de LPs). Depois de A verdade a ver navios, uma música que nunca tinha realmente prestado atenção antes: Tribos e tribunais. Com certeza o Humberto estava no seu auge como compositor. Reproduzo abaixo a poesia. Lembrem-se que o disco é de 1988. Existe, por acaso, algo assim nos dias de hoje?

Todo dia a gente inventa uma alegria
A gente esquenta a água fria
E ignora a bola fora

Toda hora a gente dá um desconto
A gente faz de conta
Mas chega a um ponto em que ninguém mais quer saber

Crimes passionais
Profissionais liberais demais
Segredos de estado
Centroavante recuado

Isso me sugere muita sujeira
Isso não me cheira nada bem
Tem muita gente se queimando na fogueira
E muito pouca gente se dando muito bem

Agente secreto
Agente imobiliário
Gente como a gente
Presidente e operário

Empresas estatais
Estátuas de generais
Heróis de guerra
Guerra pela paz

Indús, industriais
Tribos e tribunais
Pessoas que nunca aparecem
Ou aparecem demais ...refrão

Críticos da arte
Arte pela arte
Pink Floyd sem Roger Waters
Torna sem função

Fascista de direita
Fascista de esquerda
Empresas sem fins lucrativos
Empresas que lucram demais
Todo dia a gente inventa e fantasia
A gente tenta todo dia
Feitos cegos
Egos em agonia

Isso me sugere muita sujeira
Isso não me cheira nada bem

Um comentário:

Dani disse...

O Humberto é (foi, não sei) o melhor letrista do BR rock. Sem comparação com Arnaldo Antunes, Cazuza e Renato Russo.
Os três primeiros albuns do Engenheiros são fodísticos, tanto musical, quanto liricamente. E tenho dito!