Um dia eu vi a luz. Ela se chama Rock’n’Roll, mais especificamente Rock Gaúcho. A pergunta é: como nós, no sul de um mundo esquecido, conseguimos fazer algo tão incrível e fascinante como o Rock Gaúcho? Desde o meu primeiro disco, “Alívio Imediato”, dos Engenheiros do Hawaii, até hoje, 21 anos depois, milhares de quilômetros distante, ouvindo Charles Master a todo volume em uma terra de língua desconhecida; sim, é a minha grande paixão. Uma paixão simples e idiota, como todas as paixões. Mas por que é tão bom? Eu sei que por causa desses meus heróis juvenis serei sempre um guri. Posso preservar através de três acordes e frases bem colocadas toda a minha inocência, toda minha esperança, todos os meus medos, toda minha loucura inconseqüente. Por mais que os grandes nomes do Rock sejam sempre presentes e tenham todos sua importância, são esses conterrâneos que cravam sua mensagem no fundo do meu coração. Gente que, para ser curto e grosso como convém, acredita na parada. É o frio na espinha que dá quando se ouve um dos discursos apaixonados do Alemão Ronaldo sobre a vida Rocker; que me perdoe Paul Stanley, mas o nosso dinossauro é mais foda. É fazer um show numa garagem, olhar pro lado e ver Justino Vasconcelos empolgado com sua guitarra como se estivesse tocando de novo com o grande Bebeco Garcia (que Deus o tenha). É saber que quando tinha apenas 18 anos toquei em uma Jam session com Cocaine Blues Boy, que gravou os teclados para os Cascavelletes no disco “Rock’aUla”, e depois ouvir histórias malucas sobre noites desregradas entre os anos 80 e 90. É ouvir TNT a todo volume e dançar sozinho como nos primeiros dias, quando andava pelas ruas com cara de mau e a fitinha gravada no walkman. É me reunir com meu irmão e tocar todo nosso repertório de Rock Gaúcho com baixo e guitarra na cozinha de casa das 11 da noite até as 4 da manhã. E como é bom saber que será sempre assim, porque cada vez que boto um Garotos da Rua, um TNT, Cascavelletes, Bandaliera, Bixo da Seda, Engenheiros do Hawaii, Barata Oriental, Liverpool, Rosa Tattooada, Replicantes, De Falla (o velho De Falla), Graforréia Xilarmônica, Cidadão Quem, e até, por que não, Nenhum de Nós, alguma coisa especial acontece.
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