terça-feira, maio 31, 2011

Mundo irracional (III)

A irracionalidade desse nosso mundinho está por todas as partes. É quase (não, tira esse quase) um ditadura do irracional. Mas talvez onde ele esteja mais presente, com sua face mais escancarada, é nas relações de trabalho. Continuamos todos escravos, felizes por termos um pouco de papel no fim do mês. Nos dão o suficiente para a sobrevivência, e basta. Exploração do proletariado? Parece antigo, mas é isso mesmo.

A guria vai procurar emprego. Lhe chamam para fazer um teste como garçonete em um restaurante chique, no centro histórico de Bolonha, uma das cidades mais ricas da Itália. Ela vai e serve mesas, limpa, corre, conversa e é gentil com todos por cinco horas, das 11h da manhã às 4h da tarde. O trabalho é bom, o ambiente agradável, as colegas são boa gente. Depois do serviço vai falar com a proprietária sobre o salário e a forma de pagamento. “Nós pagamos 6 euros por hora”. A moça fica quieta. “Em média são 600 euros por mês, às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos”. A moça continua quieta, porque não quer acreditar no que ouve. Enquanto fala, a proprietária do restaurante segura uma bolsa Louis Vuitton, que custou pelo menos 800 euros. Ou seja, a velha gastou 800 em uma sentada pela bolsa e quer pagar 600 por um mês de trabalho duro. “Me desculpa, mas não podemos pagar mais que isso”. Claro que não. Em um mundo onde uma bolsa vale muito mais que uma pessoa não sobra dinheiro para pagar um salário justo aos trabalhadores.

Essa história se repete em praticamente todo o mundo, em qualquer tipo de negócio. É a prova de que vivemos em um mundo irracional e, sem saber por que, estamos acostumados com isso. Como chegamos a esse ponto? Sim, existem explicações. Mas nenhuma consegue convencer àqueles que simplesmente param para pensar. Ah, se o mundo pudesse parar, só um dia, para pensar.... “Pare o mundo que eu quero descer!”.

P.s: Esse vídeo é muito importante. Mostra a luta dos povos do Xingu contra a destruição de sua terra. Reiteramos as mesmas frases do último texto: FLORESTA NÃO É RIQUEZA e PROGRESSO NÃO É CRESCIMENTO ECONÔMICO.

2 comentários:

lucio sassi disse...

eu proponho cruzar os braços, todos os trabalhadores, e ir tomar cerveja no boteco

Seu Cossio disse...

Certeza! Só pra ver o que acontece...