sexta-feira, agosto 26, 2011

Calcio italiano


Só porque o Danizão pediu vou falar de futebol. Normalmente não toco em assuntos futebolísticos e o motivo é óbvio: só assisto aos jogos do meu Internacional. Aqui conheço até os nomes dos jogadores das categorias de base, mais ou menos como meu pai, que assistia os jogos dos juvenis para já saber quem ia ser o próximo craque. Mas fora dos portões do Complexo Beira Rio não conheço absolutamente nada. A prova disso é que quando olho os jogos da Seleção, não faço a menor idéia de quem são metade dos jogadores, muito menos onde eles jogam.

Porém, nesse último ano ficou, digamos, um pouco difícil dar uma banda pela Padre Cacique e chegar até o Gigante. O problema são os 10 mil quilômetros de distância e o preço da passagem aérea. Então, esse texto é sobre outro time, não tão glorioso, quase como um irmão gêmeo (também fundado em 1909), mas com um carisma que reflete o espírito da cidade – trata-se do Bologna Football Club, ou para os mais chegados, o Rossoblú das Duas Torres.

Começamos pela torcida, que é o patrimônio mais importante de qualquer clube que se preze. E aqui estamos lidando com o que pode ser considerada uma bela reunião de bêbados simpáticos que se encontram atrás do gol e cantam o tempo todo. Os esquema das torcidas é quase como no Brasil, já que o ingresso na “curva”, como dizem os italianos, é mais barato. O quente aqui no estádio Renato Dall’Ara é a curva Bulgarelli. Quente em dois sentidos: porque é onde fica o grosso da torcida e porque é onde bate o sol, o que é ótimo em um dia de, digamos, 5 graus. Foi justamente para lá que nós fomos, eu e a Mirela (o bom do time é que é vermelho e azul, assim podemos torcer juntos) para assistir Bologna X Cagliari pelo campeonato italiano.

A ida pro estádio foi bem no estilo brasileiro, de bar em bar já pra chegar pronto. Depois que compramos o ingresso, personalizado, com nome e tudo, fomos para a região da curva e paramos para olhar o movimento. Como todos os maiores de 15 anos seguravam um copo de bira pressupomos que não podia beber dentro do estádio e fizemos mais umas rodadas ali fora. Quando sentimos que precisávamos sentar um pouco resolvemos entrar: segurança, roleta, segurança, outro que confere o ingresso com a identidade, outro que pega o ingresso, outro segurança e sim, estamos dentro. E qual não é a nossa surpresa que os mesmos bêbados que estavam fora estão todos belos e felizes com seu copo na mão. Sim, na Itália eles vendem bira no estádio. Pelo mesmo preço de fora. O que me leva a pensar de onde foi que tiraram que o problema da violência nos estádios brasileiros tinha como causa o álcool.

Depois de nos acostumarmos com o panorama do belo estádio, começamos a cantar junto com a “tifoseria” qualquer coisa como “fino alla fine, forza Bologna”, e coisas do gênero. Dentre todas as faixas e bandeiras com as tradicionais folhas de maconha, fotos do Che Guevara e escritos que não se entende, uma chamou a atenção porque dizia “bevo per dimenticare”. E o que é o futebol senão um bom motivo para encontrar os amigos, tomar uma cerveja e esquecer dos verdadeiros problemas da vida? Claro que falo isso quando não se trata do Glorioso Sport Club Internacional, que não é um clube de futebol, mas uma religião.

Ah, sim, o jogo. Só tenho a dizer que o Campeonato Italiano é um Gauchão de luxo. Com certeza já vi até o Juventude do meu amigo Dani jogar melhor do que Bologna e Cagliari. Chega a dar pena. O lance é que aqui existem três bons times Inter, Milan e Juventus, com um segundo escalão formado por Roma, Nápoli e, forçando a barra, Palermo e Lazio. O resto é chutão pra área e vamo vê o que acontece. Mas na real, quem se importa com o jogo? Bem, só para constar, na ocasião o resultado foi 2 a 2, sendo que o Bologna empatou no último minuto. Assim, saímos todos felizes e ainda tomamos mais uma rodadinha para comemorar.

Um comentário:

Dani disse...

Fino alla fine, forza Muri e Mire! Grande e saudoso abraço, amico!