Poucas vezes paro em frente à televisão. Por dois motivos: creio que representa uma degradação do gosto, um tempo perdido em algo que não acrescenta absolutamente nada; e, uma vez que ligo o aparelho, não consigo desligá-lo. Sim, fico completamente vidrado nas imagens que bombardeiam minha retina. Por isso, sempre me esforço para não cair em tentação. Ligo o rádio, pego um livro, o violão, vou dar uma banda, qualquer coisa.
Mas eis que domingo, naquele clima de ressaca sem cura, após uma farta janta com os amigos, resolvi assistir uma telinha. Como não temos TV a cabo, o que sobrou? O Fantástico. Tudo bem, vamos lá, fazia já um bom tempo que não assistia a esse programa, e afinal de contas só estou querendo zerar o meu cérebro mesmo.
Por acaso pegamos bem no começo da parte do esporte, que sempre é a melhor parte, apesar do Colorado ter perdido no fim de semana. O carequinha aquele que apresenta consegue mesmo ser engraçado e a equipe de editores trabalha muito bem na seleção de imagens da rodada. Depois de uns esquetes teatrais ridículos vem a parte que deveria ser interessante, a das reportagens.
Primeiro, uma matéria sobre um pó mágico dos Estados Unidos que regenera partes amputadas do corpo. Interessante. Depois, uma reportagem investigativa sobre os garimpeiros de Serra Pelada, que ainda acreditam ter ouro no local e se matam por isso. Também interessante, não fosse o preconceito no tratamento ao MST, mas tudo bem, quanto a isso já estamos acostumados.
Como podemos perceber o programa vinha bem, não apresentando nada que abalasse a estrutura mental de seus telespectadores. Isso até chegar a parte do conflito entre índios e governo por conta da construção de hidrelétricas no Pará.
Na introdução do tema já podemos notar o viés da reportagem. Algo como “esta será uma das maiores hidrelétricas do País, que beneficiará todo o povo brasileiro...”. A seguir vem a entrevista com os índios. Uma câmera imóvel, com o líder deles à frente empunhando um facão, e outros índios e índias duros como pedra no plano de fundo. Se ele não estivesse usando um cocar e as pinturas de guerra da tribo, eu teria certeza de que se tratava de um vídeo da Al Quaeda. Isso entremeado de imagens dele comprando facões numa loja da cidade. Neste ponto me perguntei: “ora, se eles têm facões só podem ter comprado em algum lugar, afinal eles não brotam da terra”. O repórter, tentando mostrar o quanto eles são maus ainda pergunta: “vocês compraram os facões?”. O índio chega a ficar desconcertado com a pergunta. “Claro que compramos, fui eu mesmo lá e escolhi os que eu achava melhores”. Arrumaram até uma brecha na lei para a possível condenação dos índios envolvidos na agressão ao engenheiro da Eletrobrás: “segundo a lei, um índio acostumado ao convívio com os brancos pode ser indiciado pela Justiça”.
Depois dessa criminalização eles pensaram: “agora vamos falar com o engenheiro ferido no protesto para acabar de vez com a reputação dos índios e colocar todo mundo a favor da hidrelétrica”. Só que eles não contavam que o engenheirão era um baita gente fina. A entrevista à apresentadora do Fantástico foi no Rio de Janeiro, no salão de reuniões da Eletrobrás, com uma câmera para cada um e mais uma de apoio. Primeiro ela perguntou como aconteceu a agressão. Enquanto ele contava apareciam imagens da confusão. Mas aí veio o problema. Quando eles imaginaram que chegariam ao auge, após à pergunta: “o que você quer que aconteça com os índios que lhe feriram?”, o engenheiro me sai com essa: “eu não quero que aconteça nada. Eles estão no direito deles”. Acabou com a repórter. A partir daí a entrevista vira uma série de cortes, perfeitamente visíveis pelo telespectador, até que eles conseguem pescar uma parte que é mais ou menos assim: “a Justiça tem que fazer o que a lei manda”, que eu não duvido que fosse referente a outro assunto que não a agressão.
Pois é, meus amigos, a gente até tenta não ter preconceito com relação a esse tipo de “jornalistas”, mas não dá. Uma hora ou outra os caras saem da moita e nos apresentam alguma coisa assim. É por isso que temos que ficar sempre atentos e como uma Al Quaeda de verdade ir desmascarando esses caras.
Mas eis que domingo, naquele clima de ressaca sem cura, após uma farta janta com os amigos, resolvi assistir uma telinha. Como não temos TV a cabo, o que sobrou? O Fantástico. Tudo bem, vamos lá, fazia já um bom tempo que não assistia a esse programa, e afinal de contas só estou querendo zerar o meu cérebro mesmo.
Por acaso pegamos bem no começo da parte do esporte, que sempre é a melhor parte, apesar do Colorado ter perdido no fim de semana. O carequinha aquele que apresenta consegue mesmo ser engraçado e a equipe de editores trabalha muito bem na seleção de imagens da rodada. Depois de uns esquetes teatrais ridículos vem a parte que deveria ser interessante, a das reportagens.
Primeiro, uma matéria sobre um pó mágico dos Estados Unidos que regenera partes amputadas do corpo. Interessante. Depois, uma reportagem investigativa sobre os garimpeiros de Serra Pelada, que ainda acreditam ter ouro no local e se matam por isso. Também interessante, não fosse o preconceito no tratamento ao MST, mas tudo bem, quanto a isso já estamos acostumados.
Como podemos perceber o programa vinha bem, não apresentando nada que abalasse a estrutura mental de seus telespectadores. Isso até chegar a parte do conflito entre índios e governo por conta da construção de hidrelétricas no Pará.
Na introdução do tema já podemos notar o viés da reportagem. Algo como “esta será uma das maiores hidrelétricas do País, que beneficiará todo o povo brasileiro...”. A seguir vem a entrevista com os índios. Uma câmera imóvel, com o líder deles à frente empunhando um facão, e outros índios e índias duros como pedra no plano de fundo. Se ele não estivesse usando um cocar e as pinturas de guerra da tribo, eu teria certeza de que se tratava de um vídeo da Al Quaeda. Isso entremeado de imagens dele comprando facões numa loja da cidade. Neste ponto me perguntei: “ora, se eles têm facões só podem ter comprado em algum lugar, afinal eles não brotam da terra”. O repórter, tentando mostrar o quanto eles são maus ainda pergunta: “vocês compraram os facões?”. O índio chega a ficar desconcertado com a pergunta. “Claro que compramos, fui eu mesmo lá e escolhi os que eu achava melhores”. Arrumaram até uma brecha na lei para a possível condenação dos índios envolvidos na agressão ao engenheiro da Eletrobrás: “segundo a lei, um índio acostumado ao convívio com os brancos pode ser indiciado pela Justiça”.
Depois dessa criminalização eles pensaram: “agora vamos falar com o engenheiro ferido no protesto para acabar de vez com a reputação dos índios e colocar todo mundo a favor da hidrelétrica”. Só que eles não contavam que o engenheirão era um baita gente fina. A entrevista à apresentadora do Fantástico foi no Rio de Janeiro, no salão de reuniões da Eletrobrás, com uma câmera para cada um e mais uma de apoio. Primeiro ela perguntou como aconteceu a agressão. Enquanto ele contava apareciam imagens da confusão. Mas aí veio o problema. Quando eles imaginaram que chegariam ao auge, após à pergunta: “o que você quer que aconteça com os índios que lhe feriram?”, o engenheiro me sai com essa: “eu não quero que aconteça nada. Eles estão no direito deles”. Acabou com a repórter. A partir daí a entrevista vira uma série de cortes, perfeitamente visíveis pelo telespectador, até que eles conseguem pescar uma parte que é mais ou menos assim: “a Justiça tem que fazer o que a lei manda”, que eu não duvido que fosse referente a outro assunto que não a agressão.
Pois é, meus amigos, a gente até tenta não ter preconceito com relação a esse tipo de “jornalistas”, mas não dá. Uma hora ou outra os caras saem da moita e nos apresentam alguma coisa assim. É por isso que temos que ficar sempre atentos e como uma Al Quaeda de verdade ir desmascarando esses caras.
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