Pois é, meus amigos, a correria anda tanta que mal tenho tempo de olhar o computador, trabalhar então..... Mas para os que andam preocupados, está tudo dentro da normalidade: churrasco, engradados de cerveja, festa no underground, sempre no melhor estilo "peace on earth, sex, drugs and Rock'n' "fucking" Roll".
Mas agora, falando sério, tenho lido algumas coisas interessantes. Como eu sei que todos os governantes do País olham esse blog, vou dar aqui uma dica básica. Lembram-se daquela aula de Literatura Brasileira, com aquela professora que era um doce, e que vocês achavam que a melhor coisa do mundo era passar a perna nela? Pois é, vocês deviam ter lido pelo menos um livro; e aqui vai o nome de um que ela mandou que faria toda a diferença na sua vida como homens públicos: Os Sertões, de Euclides da Cunha.
Nem precisavam ir tão longe e ler todo o livro. Só a primeira parte, chamada "A terra", já bastava. No capítulo V temos dois sub-títulos importantíssimos: "Como se faz um deserto" e "Como se extingue o deserto". Apesar do equívoco na referência aos índios "Euclidão" coloca algo importante sobre a criação do clima árido dos sertões:
"Ainda em meados deste século, no atestar de velhos habitantes das povoações ribeirinhas do São Francisco, os exploradores que em 1830 avançaram, a partir da margem esquerda daquele rio, carregando em vasilhas de couro indispensáveis provisões de água, tinham, na frente, alumiando-lhes a rota, abrindo-lhes a estrada e devastando a terra, o mesmo batedor sinistro, o incêndio. Durante meses seguidos vui-se no poente, entrando pelas noites dentro, o reflexo rubro das queimadas.
Imaginem-se os resultados de semelhante processo aplicado, sem variantes, no decorrer de séculos....
Previu-os o próprio governo colonial. Desde 1713 sucessivos decretos visaram opor-lhes paradeiros. E ao terminar a seca lendária de 1791-1792, a grande seca, como dizem ainda os velhos sertanejos, que sacrificou todo o norte, da Bahia ao Ceará, o governo da metrópole figura-se tê-la atribuído aos inconvenientes apontados, estabelecendo desde logo, como corretivo único, severa proibição ao corte das florestas."
Podemos ver que o dinheiro sempre falou mais alto que o bom senso nesse pobre País. O que há mais de dois séculos verificou-se no sertão, hoje vemos repetido na Amazônia, com exatamente as mesmas características, inclusive com a criação de gado como fator de degradação ambiental, também já apontada por Euclides da Cunha
Sobre "Como se extingue um deserto", o autor nos coloca o exemplo do Império Romano, que na Tunísia acabou com a seca das suas planícies por um sistema de barragens e cisternas. Observaram que, assim como no sertão brasileiro, de nada adiantavam as chuvas que lá caíam, pois corriam direto para o mar e acabavam por se transformar em mais um ingrediente de devastação do solo. Com o sistema implantado, aquele país transformou-se no "celeiro de Roma". Nada de transposição do Rio São Francisco, só um pouco de inteligência e bom senso. E, é claro, um pouquinho de leitura.
Mas agora, falando sério, tenho lido algumas coisas interessantes. Como eu sei que todos os governantes do País olham esse blog, vou dar aqui uma dica básica. Lembram-se daquela aula de Literatura Brasileira, com aquela professora que era um doce, e que vocês achavam que a melhor coisa do mundo era passar a perna nela? Pois é, vocês deviam ter lido pelo menos um livro; e aqui vai o nome de um que ela mandou que faria toda a diferença na sua vida como homens públicos: Os Sertões, de Euclides da Cunha.
Nem precisavam ir tão longe e ler todo o livro. Só a primeira parte, chamada "A terra", já bastava. No capítulo V temos dois sub-títulos importantíssimos: "Como se faz um deserto" e "Como se extingue o deserto". Apesar do equívoco na referência aos índios "Euclidão" coloca algo importante sobre a criação do clima árido dos sertões:
"Ainda em meados deste século, no atestar de velhos habitantes das povoações ribeirinhas do São Francisco, os exploradores que em 1830 avançaram, a partir da margem esquerda daquele rio, carregando em vasilhas de couro indispensáveis provisões de água, tinham, na frente, alumiando-lhes a rota, abrindo-lhes a estrada e devastando a terra, o mesmo batedor sinistro, o incêndio. Durante meses seguidos vui-se no poente, entrando pelas noites dentro, o reflexo rubro das queimadas.
Imaginem-se os resultados de semelhante processo aplicado, sem variantes, no decorrer de séculos....
Previu-os o próprio governo colonial. Desde 1713 sucessivos decretos visaram opor-lhes paradeiros. E ao terminar a seca lendária de 1791-1792, a grande seca, como dizem ainda os velhos sertanejos, que sacrificou todo o norte, da Bahia ao Ceará, o governo da metrópole figura-se tê-la atribuído aos inconvenientes apontados, estabelecendo desde logo, como corretivo único, severa proibição ao corte das florestas."
Podemos ver que o dinheiro sempre falou mais alto que o bom senso nesse pobre País. O que há mais de dois séculos verificou-se no sertão, hoje vemos repetido na Amazônia, com exatamente as mesmas características, inclusive com a criação de gado como fator de degradação ambiental, também já apontada por Euclides da Cunha
Sobre "Como se extingue um deserto", o autor nos coloca o exemplo do Império Romano, que na Tunísia acabou com a seca das suas planícies por um sistema de barragens e cisternas. Observaram que, assim como no sertão brasileiro, de nada adiantavam as chuvas que lá caíam, pois corriam direto para o mar e acabavam por se transformar em mais um ingrediente de devastação do solo. Com o sistema implantado, aquele país transformou-se no "celeiro de Roma". Nada de transposição do Rio São Francisco, só um pouco de inteligência e bom senso. E, é claro, um pouquinho de leitura.
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