Nada como um tsunami no Japão para esquecer a Líbia. A França já não pensa em invadir o país árabe. Obama pensa em concentrar seus esforços na reconstrução da ilha no Pacífico. Berlusconi pode dormir tranqüilo (bem acompanhado, é claro) com seu amigo ainda no poder a lhe mandar petróleo barato. Os jornais? Bom, quem se interessa por um ditador feioso e um bando de árabes em fuga quando se pode mostrar fotos e vídeos de uma onda gigantesca que arrasa um país.... E o valoroso povo líbio a receber bomba na cabeça. No Egito, onde o exército se negou a matar seus irmãos, a pressão internacional foi enorme. Na Líbia, onde o exército mata rebeldes como formigas, tudo bem, deixa estar.
Enquanto isso, nas ruas de Bologna, clima de feriado. A Itália unida celebra sua desgraça. Crianças bem nutridas carregam as bandeiras tricolores enquanto mendigos se desesperam por qualquer moeda. Sem brincadeira. Em 15 minutos de caminhada pelo centro, sete abordagens de mendigos, sendo que apenas três eram africanos, os outros legítimos italianos. A pobreza da Europa não é culpa da pobreza da África.
Um belo dia de sol. Vem se aproximando a primavera e as praças retomam sua vida. Tudo parece bem; e muito superficial. A vida que se pensa e se vê é só uma grande superficialidade; a mesmo assim é a vida. Ainda temos cerveja a 50 centavos, então, tudo bem. Ainda temos amigos e um pouco de boa música, então, tudo bem. Não importa que para isso 70% do nosso tempo útil seja usado em trabalho para enriquecer os outros. Não importa que na Líbia pessoas sejam assassinadas como formiga. Não importa que o Japão esteja à beira de uma catástrofe nuclear. Não importa que o mundo desenvolvido produza mendigos em larga escala. São só coisas ao vento e amanhã tudo é passado. Nossa desgraça, quando vier, também passará. São só coisas ao vento.
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