Pego a revista de sexta-feira do jornal La Repubblica e na capa anunciam a reportagem: “Quem massacra os camponeses que defendem a Amazônia”. Pulo direto para a página 58. Leio o texto e fico impressionado com a facilidade com que o jornalista responde à pergunta a que se propõe no título. A sentença está na página 63: “O apetite pela floresta é poderoso. Das multinacionais que buscam ferro, ouro e outros minerais para exportar à China, àquelas da soja, do carbono vegetal e dos novos biocombustíveis como a cana de açúcar. Os criadores de gado são somente os testas-de-ferro e as comunidades de camponeses ambientalistas estão condenadas ao martírio”.
Eu sou o tipo de cara que se impressiona facilmente com as histórias e dessa vez fiquei impressionado pelo fato de que os italianos sabem o que acontecem com a Amazônia e ficam indignados com isso. Nós brasileiros... bem, quem se importa; a Amazônia é muito longe - e muito grande. E tem mais. Esse tipo de reportagem me deixa particularmente em maus lençóis. É que eu costumo dizer por aí que o Brasil é um país melhor, que as pessoas estão adquirindo consciência, que tem um governo sério. Os caras me olham e dizem: “mentiroso”. Ou no mínimo um iludido por ver um pouco dos pobres entrarem para a classe média. Eu gostaria de ver se a presidenta teria coragem de vetar o tal do Código Florestal, ou melhor, a Lei de Anistia aos assassinos da floresta. Mas duvido muito. Eu gostaria de ver o glorioso Exército Brasileiro, ou a Polícia Federal, mobilizados para deferem o nosso patrimônio da ganância do sistema econômico internacional. Mas duvido muito. E enquanto eles roubam assim, descaradamente, tão descaradamente que até o jornal italiano dá a notícia, o nosso povo está feliz porque pode comprar geladeira, TV de plasma e iPod.
Só para terminar, um pequeno teste de percepção: você consegue relacionar os crimes na Amazônia, o desvio de dinheiro na preparação para a Copa e o neguinho batedor de carteira no centro do Rio de Janeiro? Não? Está na hora de trocar de óculos....
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