segunda-feira, setembro 26, 2011

Contra o trabalho

Não é que eu seja exatamente contra o trabalho em si. Na verdade sou contra ir para o trabalho. Tento me explicar. O que realmente eu não gosto é da obrigação de estar num lugar a maior parte do tempo da tua vida, fazendo coisas que não queria fazer naquele momento, para poder pagar pelas coisas que realmente quer fazer e que ocupam a pequena porcentagem que resta da nossa vida. Ou seja, quando digo que sou contra o trabalho, digo que sou contra o conceito de opressão que carrega essa palavra. E é o tipo de coisa da qual a gente não consegue se desapegar. Por acaso o objetivo da vida não seria viver sem ter que trabalhar? Os meus amigos gregos do século VI, V e IV a.C. pelo menos pensavam assim. E toda a história de escravidão e exploração da força de trabalho, o que é senão a vontade que uns têm de não trabalhar? Agora, se isso é uma coisa realmente assim tão boa que essas pessoas empregam toda a sua força para isso, então a vagabundagem deveria ser um direito universal do homem. Mas seria possível um mundo onde as pessoas não fossem obrigadas a trabalhar? Um mundo como o nosso talvez não, mas por acaso as máquinas não foram criadas para libertar a humanidade do trabalho? E somos tão apegados ao conceito do trabalho que acabamos criando novas ocupações para absorver a massa que perdeu seu emprego para as máquinas. Em vez de correr para a liberdade, nos criamos novas prisões. Podem até dizer que tem gente que gosta do que faz, mas pra mim é impossível alguém que goste de fazer exatamente a mesma coisa 80% do seu tempo, isto é: trabalhar. Eu gosto de ser jornalista, por exemplo, mas ter que ir pro trabalho todos os dias é uma merda. Quem realmente gosta de ir pro trabalho todos os dias tem um problema, o que costumamos chamar de vício, que é uma doença. Mas voltemos à nossa pergunta: seria possível um mundo sem trabalho? Onde as pessoas pudessem fazer só aquilo que tivessem vontade? Daria certo um tal mundo? Eu não faço a menor idéia. Mas boto a maior fé de que a gente poderia pelo menos tentar.

2 comentários:

Anônimo disse...

depende do que o cara quiser fazer no seu tempo "livre da obrigação" também pode ser considerado um trabalho, porque não? Eu mesma não trabalhei por muitos anos (como a sociedade vê esse termo), não recebia um salário mas procurava aproveitar meu tempo fazendo coisas boas pra humanidade, e pra mim é claro, tentando aprender a viver sem obrigação e sem me enfiar num buteco ou em casa entre garrafas e fumaças tentando esquecer que não tinha um "trabalho". Fui buscar um trabalho que me dava um prazer, porém, com saúde, sem me matar lentamente, e não é deu certo?!! Eu sinceramente acho que me libertei...

secon ufrgs disse...

O engraçado disso tudo foi a promessa da tecnologia, que iríamos fazer tudo em menos tempo e sobraria mais tempo para ser livre ou fazer o que queremos de fato, mas o que aconteceu com a tecnologia é que um indivíduo faz o trabalho de vários e ao contrário de estar livre é escravo do trabalho e da tecnologia por horas e horas do dia. A tecnologia e as possibilidades que permite foram totalmente subvertidas pela irracionalidade do sistema. Ao invés de termos 10 pessoas trabalhando com tecnologia que acelera o processo por 3 ou 4 horas por dia, temos 9 desempregados, 1 empregado trabalhando 18 horas. Se fosse o capitalismo racional e não escravocrata deveria acontecer isto, distribuir empregos de poucas horas pq a tecnologia permite e todo mundo teria muitas horas para ser livre e fazer o que quer. Além disso, a tecnologia poderia servir para desterritorializar o trabalho, mas mesmo com tudo conectado as pessoas ficam horas no trânsito para irem ao trabalho e tornar as tais grandes cidades em caos e estresse, ou seja, a tecnologia é um outro exemplo do quão irracional é o tal "sistema".