quinta-feira, janeiro 13, 2011

Considerações sobre a verdadeira filosofia

A verdadeira filosofia é a filosofia de bar. É onde a vida se resume e acontece plenamente. Propriamente na mesa de bar. Sete pessoas e um universo de possibilidades. Por mais que tenham circulado livros, todos concordam que é justamente aqui onde se pratica a arte do conhecimento. Da produção do conhecimento. Banquetes de álcool. Música alta. Gritos, garçom. Discussões em voz alta em línguas meramente inteligíveis. Bar, e todas as suas bebidas, cada uma com a chave de uma janela mágica do pensamento. Alegria de compartilhar palavras, gestos, sentimentos, angústias e devaneios pelo deserto da mente. Alegria da amizade transformada em questões metafísicas. Onde pensar sobre o verdadeiro sentido da amizade senão numa mesa de bar? A alegria que nos envolve como uma força inexplicável, intangível e apenas vislumbrada em momentos como a reunião dos alcoólicos no seu próprio habitat. Influências de pensamentos religiosos de lugares tão diferentes como Alemanha, Jerusalém, Grécia e Índia. Conectados pela mesma energia que impulsiona a mente a questões como: o sentido da amizade; a alegria de estarmos juntos; a energia que nos envolve. Filosofia de bar. A verdadeira filosofia. A alegria de saber da existência da questão e a certeza de que teremos eternamente bons momentos em uma mesa de bar, porque não existe resposta. Só a conversa. Palavras. Perguntas e explicações eternas. Como o álcool. E a amizade. E a possibilidade de produzir conhecimento. E o cigarro com sua pausa para pensar. A meditação sobre a pergunta fundamental que está nos livros. Mas está lá por causa do bar. E assim como a fumaça que não sabe seu destino, as ondas da mente flutuam em um mar de possibilidades. Os mundos que se desenham dentro e fora do bar. Aquilo que existe mas não está aqui. A impossibilidade de explicar, e por isso remoer palavras, e remoer sons que possam indicar a existência da coisa. E falar. Deixar que a palavra conduza o pensamento até o limite da consciência. Receber a crítica até que ela não faça sentido. Recomeçar. E assim o garçom arruma o que fazer. E todos prestam atenção em todos. Exatamente como um filme. Como a providência divina que coloca tudo no seu exato lugar. E não conseguimos fugir do pensamento místico. Para alguns apenas a fraqueza de pensar. O que pode ser. Mas o místico é a razão elevada ao extremo. Quem não considera o místico simplesmente não quer passar os limites. E a porta do bar é sempre um bom limite a ultrapassar. Limite do racional. Na liberdade do bar a razão se explode. Talvez pelo álcool, pelo fogo. E no bar se pensa. Filosofia de bar; filosofia de vida.

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