Pode ser chegado o momento de resolver a seguinte questão: sabemos que o sistema está errado; conhecemos o sistema a fundo; e não fazemos nada para mudá-lo.
O conceito base é que existe alguma coisa errada quando se vê um ser humano ajoelhado na calçada que pede qualquer moeda para matar a fome, e passa por ele um outro ser humano que acabou de gastar 1.500 euros em uma jaqueta de petróleo. Sob qualquer princípio formulado pela razão esse fato corriqueiro é errado. Agora surge a pergunta: como o princípio irracional dominante consegue fazer com que tamanha desigualdade seja transformada em algo normal, natural?
“É uma conseqüência do sistema”. Então, qualquer pessoa com o mínimo de bondade no coração, para deixar apenas no nível das emoções simples e não da racionalidade, deve admitir que o sistema é ruim.
De “conseqüência do sistema”, não é preciso muito esforço para chegar à conclusão de que desigualdades como essa são “necessidades do sistema”. O conceito básico de acumulação de bens e capital é auto-explicativo. A acumulação de uns é o prejuízo dos outros. Acumulação de riqueza gera potência de poder bélico, imposição do sistema através da força com o objetivo de maior acumulação. Assim a estrutura básica do sistema se perpetua com o aperfeiçoamento das formas de imposição. A força sempre presente, mas também a ideologia, a ilusão dos discursos, a obliteração das possibilidades. Força de uns; medo de outros. Aceitação das desigualdades enquanto lhe seja permitido sobreviver, ou seja: servidão, escravização. Aceitação das desigualdades através do acesso ao mercado de consumo de bens inúteis transformados em necessidade. E a necessidade de ter. E assim a aceitação da desigualdade pelo desejo de posse do inútil.
A solução pode ser pensada. Deve ser pensada.
Em um primeiro momento a noção de que a revolução libertadora é individual. Libertação do sistema “ter-querer-ter”. Meditação e consciência do real valor das coisas e como conseqüência do real valor da vida. Essa é uma revolução individual, sem dúvida. Porém precisamos estar livres para pensar. Quem pode ser responsável pela liberdade? Pode ser suficiente apenas a noção da irracionalidade do sistema como estopim para a libertação individual? De onde vem essa noção? Terá a educação em latu sensu (família, escola, comunidade, comunicação) a ver com isso?
Depois mais questões. Onde pode nos levar a revolução que triunfa no individual? Quais serão as possibilidades de transformação? Infinitas? Mas e aí, como ficam as escolhas, o conjunto? Será o fim do conjunto? O que vem depois, enfim?
Um comentário:
A questão é: Muri pra presidente! rs Será tão difícil pensar um pouco sobre essas questões, botar a cabeça pra pensar de verdade... vai entender o que se passa com a massa dominadora... a lei do egocentrismo ainda move o mundo...
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