E a culpa disso tudo é da minha mãe. Foi ela quem me comprou a fita do “Õ Blésq Blom”, dos Titãs, enquanto estávamos na fila do Calcagnotto (era com um “t”ou dois?), aquele na frente da Prefeitura de Caxias. Lá se vão quase 20 anos, e eu sempre acreditei nessa letra:
“Eu nunca mais vou dizer o que realmente penso
Eu nunca mais vou dizer o que realmente sinto
Eu juro Eu juro (por Deus)
Não confio em ninguém
Não confio em ninguém
Não confio em ninguém com mais de 30
Não confio em ninguém com 32 Dentes
Meu pai um dia me falou pra que eu nunca mentisse
Mas ele se esqueceu de dizer a verdade
Eu nao sei fazer música mas eu faço
Eu nao sei cantar as músicas que faço mas eu canto
Ninguém sabe nada”
O problema é que os anos passam e chegou o momento de um verdadeiro drama existencial: eu tenho mais de 30 anos. Mas o estrago não é completo. Nesses 31 anos consegui a façanha de perder um dente, o glorioso primeiro molar superior direito, o que torna impossível a existência de 32 dentes nessa boca. Assim, nessa segunda-feira fria e chuvosa, me tornei uma pessoa meio confiável. Não porque ganhei confiança, mas porque perdi metade dela. Passei o dia todo pensando nisso e cheguei à conclusão de que a situação tem lá suas vantagens. A principal é que não preciso mais ser tão rigoroso comigo mesmo, afinal, eu não confio mesmo em mim. Ou seja, se eu fizer ou escrever uma bobagem basta dizer: “bom, eu não confiava em mim mesmo”. Talvez esse seja o segredo da idade, a gente para de se levar tanto a sério. Talvez a vida fique mais fácil a partir de agora; talvez as idéias possam fluir com mais naturalidade; e também eu posso estar absolutamente certo, já que não se sabe se é o velho ou o desdentado que está falando.
2 comentários:
Murizão, o super que fica na frente da Prefeitura era o Super Cesa (aquele do piá cabeçudo)
Parabéns atrasado e bem vindo aos 31! Tu tá véio, né!? hahaha
Aí Dani, é ou não é coisa de véio esquecer das coisas?...
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