segunda-feira, julho 11, 2011

Amor de mãe

Mãe é mãe; e o começo é assim tão óbvio porque todo mundo sabe o que significa “mãe é mãe”. Não importa a idade que a gente tenha, seremos para sempre filhos e elas mãe. Eu, por exemplo, tenho 30. Quando meu avô tinha 30, era casado há mais de 10 anos e já tinha suas duas filhas, uma com 9 e outra com 7 anos de idade. Quando meu pai tinha 30, apesar de ser o protótipo de atuação para minha vida, também já estava casado há dois anos, tinha um emprego estável como dentista e já tinha me encomendado pra cegonha.

Depois dessa bela introdução de sucesso familiar, sou obrigado a entrar no argumento principal do texto. Essa semana arrumei um emprego. São 11 meses que estou aqui no Velho Mundo e até então só tinha conseguido bicos do estilo: distribuir panfletos, colar cartazes, ajudar um amigo no bar. Agora não. Agora eu sou garçom do “Mcdonalds da carne”, chamado Roadhouse Grill. Um emprego com carteira assinada. E até me comprei uma bicicleta, porque o restaurante fica no famoso cú do mundo e não vou gastar todo meu salário em transporte para chegar até o trabalho.

Enfim, depois de 30 anos de vida, uma faculdade pela metade, uma concluída, dois anos de trabalho como jornalista, quatro ou cinco bandas de Rock, um casamento e um meio mestrado, consegui um emprego no Mcdonalds da carne e me comprei uma bicicleta. Mamãe, como não poderia deixar de ser, ficou muito feliz. Ela me mandou um e-mail mais ou menos assim: “Parabéns pelo emprego e por ter comprado o primeiro veículo com teu próprio dinheiro”.

Sinceramente, não sei o que é pior: se ela está falando sério ou ironizando a situação. Se for sério é a prova de que todas as mães são completamente cegas de amor pelos seus filhos. Seria quase como se eu fosse mendigo, tivesse comprado um carrinho para recolher papelão e ela dissesse: “Parabéns pelo emprego e por ter comprado o primeiro veículo com teu próprio dinheiro”. Se for ironia, além de uma grande mãe, que compreende as dificuldades da vida do seu filho, ela é a rainha da tiração de sarro. Conhecendo a velha como conheço, fico com a segunda alternativa.

Um comentário:

Nini disse...

É amigo... esse teu texto me fez ver que não sou a única no mundo! Só que com a diferença de ter terminado meu terceiro curso profissional e ainda, desempregada.... espero que um dia eu tenha $ pra comprar meu primeiro veículo com meu próprio dimdim, ainda que seja uma bicicleta, se isso te consola ;)
Me orgulho é do meu pai que sem formação em porra nenhuma construiu sua vida por si só e se deu tri bem... alguns tem sorte. Ou será destino?!