Perdido no fim do velho mundo. Por que parece divertido? Porque é quase como um filme: castelos, muralhas; e os mouros que sem guerra tomam conta pelo sub-mundo, sub-emprego, sub-vida. A praça milenar vazia. Dois velhos, um cigarro, um tipo que se diverte rabiscando em pedaços de papel...
Gentilezas de parte a parte e gente que trabalha pra comer. Sobrevivência. Gente que trabalha para esquecer da vida, e no fim é fácil. Mas o trabalho é parte da vida? E vida, o que pode ser? Além de esperar que aconteça alguma coisa...
A morte. Não, não se pensa esse tipo de coisa. Não agora, na hora do almoço, na praça deserta, no fim do velho mundo, em silêncio...
E de repente se percebe: é uma cidade sem pombas. Porque elas também precisam de lixo, do lixo humano, dos escapamentos, da pressa, de migalhas. No fim acaba que construímos as cidades pra elas. Que como nós não querem saber da vida boa do fim do velho mundo, suas praças vazias, seus velhos desocupados, de trabalhadores estranhos que sonham em pedaços de papel. As pombas giram na loucura, nas capitais, onde o sino da igreja é só mais um barulho imperceptível. Aqui não. Eles marcam a hora, regulam a vida do povo ordeiro, que almoça em casa. E nada de migalhas, nada de pombas, nada de...
Nada.
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