segunda-feira, julho 04, 2011

O sentido da vida

«Um longo tempo empenhei, e não voltei ainda ao início, para aprender isso: que não se pode aprender nada! Na verdade não existe, acredito, aquela coisa que chamamos “aprender”. Existe somente um saber, que é em tudo, que é Atman, que está em mim, em você e em todos os seres. E assim começo a acreditar: esse saber não há pior inimigo que a vontade de saber, que o aprender.»

Siddharta, Herman Hesse


«6.52 Nós sentimos que, mesmo na hipótese de que todas as possíveis perguntas científicas tenham sido respondidas, os nossos problemas vitais não serão ainda nem tocados. Certo, então não resta mais nenhuma pergunta; e justamente essa é a resposta.

6.521 A solução do problema da vida se encontra no seu desaparecimento.

(Não é talvez por isso que os homens aos quais o sentido da vida se torna, depois de grandes dúvidas, claro, não sabem dizer em que consiste esse sentido?)»

Tractatus Logico-Philosophicus, Ludwig Wittgenstein


Só encontra resposta para os problemas da vida quem: vive. Todos os belos e importantes livros escritos na história da humanidade não podem nos ajudar nesse caminho. Ou talvez ajudem somente a clarear a certeza de que não é ali que estão as respostas. Só quem aceita a vida sabe que o sofrimento e a dor são uma parte inseparável da alegria e do prazer; que a solidão é o melhor caminho para a sociedade; que o ódio e a raiva devem abrir as portas para o amor. O exercício é: desligar e ligar; sair do mundo, olhar de fora, voltar ao mundo com seus novos olhos. Se cada um de nós procura alguma coisa, a resposta para uma pergunta individual, o grande sentido da vida, a resposta é como aquela de Siddharta: não procurá-la, mas estar alerta para reconhecê-la quando chegar. E como vamos saber? Provavelmente não vamos saber da mesma forma que se sabe fazer um cálculo ou qualquer atividade mundana. Teremos aquele momento em que tudo faz sentido. Momento: porque logo depois tudo cai como castelos de carta. Até que chegue o próximo momento. Enquanto isso se vive. Com toda a intensidade possível para que o momento seja o mais belo possível. Metamorfoses constantes, e sabemos que isso não é novidade. Abrir espaço dentro de si para o novo; para a experiência; para a vida. E depois de ler um texto como esse, esquecê-lo, porque não diz nada de importante, a não ser o que todo mundo já sabe. Vida, meus amigos. Vida.

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