quinta-feira, junho 07, 2007

O fim da cachaça

Estamos órfãos da cachaça. Mas não qualquer uma, nem 7 Campos, nem Sagatiba. Estamos sem aquela cachacinha curtida com frutas, ervas e folhas, que fazia a alegria dos bêbados de todas as classes sociais. O templo dessa bebida, o glorioso Bar João, fechou há anos. O direito à bebedeira era universal. R$ 0,50. E lá estavam os punks, os mendigos, os universitários, os hippies, os judeus, os bancários, os músicos, todos com um martelinho na mão. Lembro de uma tarde em que fomos lá decididos a experimentar todos os sabores. Alguns abandonaram logo. Eu desmaiei no Teletubbie. O campeão conseguiu tomar um martelinho da cachaça de tijolo....
Bem, fecharam o João, e fomos obrigados a migrar. Paramos no bar do Adriano (já perceberam que os bares de cachaça têm nomes próprios?). Quantas noites, daquelas que não se tem nada para fazer, sem dinheiro no bolso, não acabei escorado naquele balcão bebendo um veneno que chamavam de “maracujazinho”? Ali também foram consumidos litros e litros de cachaça curtida. Tinha também o folclore de pedir um sabor daqueles esquecidos só para ver o seu Adriano buscar a garrafa na prateleira com a “mão biônica”.
Os sabores variavam de acordo com a moda. Sim, existia uma moda de sabores de cachaça. Provavelmente o mais clássico seja o butiá, sempre com uma boa saída, pedidos constantes durante a noite. Quando o cara andava meio mal do estômago pedia uma de losna. A de canela teve seu tampo de glória. As de frutas em geral também sempre estiveram no gosto dos bêbados, principalmente as gurias, com um destaque especial para o abacaxi. Claro que não podemos esquecer a purinha, que sempre será a purinha. Mas o auge do refinamento foi quando o pessoal descobriu a cachaça de barrolda, que na verdade se escreve warrolda. Bons tempos....
Mas porque estou escrevendo isso tudo mesmo? Ah, sim. Esses dias andávamos pela Cidade Baixa, eu e meu irmão, e decidimos tomar uma canha. Simplesmente não sabíamos aonde ir. Reparem no paradoxo: o bairro boêmio da cidade não tem um boteco que venda pinga curtida.
Voltamos tristes para casa.
Verdadeiros órfãos da cachaça

4 comentários:

fabris disse...

Olá amigo
Cheguei até vc..porque estou procurando uma receita do veradeiro WARROLDA.Até pouco tempo atrás bebia uma gostosa no Bar Arthur,na Alberto Bins quase esquina com Conceição,Mas com a morte do proprietário Angelo a familia resolveu fechar.Nunca consegui tirar o segredo do Angelo.Com certeza o amigo deve ter a receita do WARROLDA.Agradeço a cooperação.Abraços
Nelson Fabris

Anônimo disse...

a tempos atras num buteco no bairro iapi,tinha uma cachaça temperada com a fruta ou semente chamada warrolda ou barrolda, descobri que é uma semente ou fruta de origem alemã, e também pode ser encontrada nas bancas do mercado publico em porto alegre .é bem cara a grama dessa iguaria porem é importada.

Eder disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eder disse...

Semente de zimbro