Mais um dia. Estou enjoado de abrir os olhos e ver sempre os mesmos números vermelhos piscando. Preciso de outro despertador, daqui um tempo perco o respeito por esse. Soneca, dez minutos. Dez minutos de agonia, pensando que tenho que levantar; sou obrigado, tenho um emprego. Viro-me para o outro lado e abraço a mulher que ainda dorme, também de costas para mim. Nem sei por que, já sabia que meu braço ia ser jogado de volta. E que ouviria resmungos. Continuo minha soneca de olhos abertos, fixos no teto, aumentando minha angústia. Seis e trinta e cinco, mais cinco minutos. Não sei por que não quero levantar, já estou acordado e este lugar me incomoda. Acho que meu sonho era algo diferente. Não tiro a cabeça do travesseiro, não fecho os olhos, e estou cercado de um lado por uma nuca e de outro por caracteres vermelhos. Ambos me afrontam, me sufocam, ambos vivem comigo e não sei porque. Três minutos, faltam três minutos para começar mais um dia cheio. A não ser que eu resolva prolongar um pouco mais este limbo. São só duas alternativas mesmo, off ou soneca. Se eu ficar mais não posso tomar banho. O último foi ontem de manhã, cabelo sujo, axilas fedendo; azar, acho que dá para disfarçar, já fui assim antes. Vou ter que ir a pé, a não ser que eu escove os dentes enquanto mijo e não procure muito as roupas. Um minuto, ou menos, pode tocar a qualquer momento...
Deu, foi, soneca de novo. Tomara que ela não tenha acordado. Será que ainda me ama? Há pouco tempo me acordava com beijos e “eu te amo”. Um dia isso acabou, sem mais nem mesmo, simplesmente acabou. Nunca mais “eu te amo”, nunca mais beijinho, nunca mais. Algo aconteceu. Devo ter feito alguma coisa que nunca soube o que é. Ou o contrário, não fiz nada. Ou ela conheceu alguém. Seis e quarenta e sete, como passou rápido, o tempo é realmente relativo. Ela continua ali imóvel, só escuto a sua respiração de sono. Acho que ela não teria coragem de me trair, sua honestidade é verdadeira, mas tenho medo. Medo, medo de quê? Eu seria muito mais feliz com a notícia, acabaria meu tormento, o fim do soneca. Mais dez minutos e eu chego atrasado, pouco, às vezes vale a pena. O teto fica cada vez mais branco, os números já não brilham como antes. Minha vida é um amanhecer. De novo um minuto, ou menos, e a dúvida, off ou soneca? Pode tocar a qualquer momento...
Tocou.
- Não está na hora de tu ir trabalhar?
- Sim, sim, já vou.
Já vou, já vou..........
Deu, foi, soneca de novo. Tomara que ela não tenha acordado. Será que ainda me ama? Há pouco tempo me acordava com beijos e “eu te amo”. Um dia isso acabou, sem mais nem mesmo, simplesmente acabou. Nunca mais “eu te amo”, nunca mais beijinho, nunca mais. Algo aconteceu. Devo ter feito alguma coisa que nunca soube o que é. Ou o contrário, não fiz nada. Ou ela conheceu alguém. Seis e quarenta e sete, como passou rápido, o tempo é realmente relativo. Ela continua ali imóvel, só escuto a sua respiração de sono. Acho que ela não teria coragem de me trair, sua honestidade é verdadeira, mas tenho medo. Medo, medo de quê? Eu seria muito mais feliz com a notícia, acabaria meu tormento, o fim do soneca. Mais dez minutos e eu chego atrasado, pouco, às vezes vale a pena. O teto fica cada vez mais branco, os números já não brilham como antes. Minha vida é um amanhecer. De novo um minuto, ou menos, e a dúvida, off ou soneca? Pode tocar a qualquer momento...
Tocou.
- Não está na hora de tu ir trabalhar?
- Sim, sim, já vou.
Já vou, já vou..........
Um comentário:
tic-tac-tic-tac. O tempo é relativo.
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