Eu podia tranqüilamente sentir ódio da polícia. O que em determinadas situações é impossível de evitar. Mas de uma maneira geral o que sinto é pena. O policial comum é um cidadão semi-alfabetizado que sofre uma lavagem cerebral onde o ensinam a proteger e servir o patrimônio particular da alta burguesia. Essa lógica é reforçada pelas manchetes de jornais: “não é mais possível sair nas ruas”, “a criminalidade venceu a guerra contra os cidadãos de bem”. E a polícia se sente obrigada a prestar serviços a quem tem o que ser roubado. O resto pode ser tratado como lixo, afinal, não consome, não faz parte do mercado, não possui cidadania.
Vamos aos exemplos. No futebol que apanha é o pessoal da arquibancada. Tudo começa nas filas. Já está tudo extremamente tumultuado, crianças chorando esmagadas pela turba, quando o brigadiano resolve “botar ordem” na rapaziada. Como um cavaleiro medieval desembainha a espada e joga o cavalo sobre a multidão. Basta um sussurro de “filho da puta” para uma pancadaria generalizada. Dentro do estádio não é diferente. Com 30, 40, 50 mil pessoas aglomeradas num único lugar é normal que ocorram algumas brigas. Aí entra a figura do “deixa disso”, que deveria ser o papel principal da polícia. Quando começa a troca de sopapos o que acontece? Cassetada indiscriminada dos brigadianos em quem estiver por perto, bomba de gás, bala de borracha. Tudo porque dois imbecis se estranharam na arquibancada e a polícia não teve capacidade de simplesmente chegar e separar os brigões. Nas cadeiras as brigas são resolvidas pelos torcedores, sem a presença da polícia. Ou seja, onde não tem polícia, não tem confusão.
Agora a moda é blitz nas principais avenidas da cidade. O pessoal dos carros importados se sente seguro ao ser abordado com toda a delicadeza: “documentos, por favor”, “muito obrigado senhor, tenha uma boa noite”. Será que existe alguma ilusão de que um bandido, bandido mesmo, vá passar por uma blitz? O que eles fazem é confiscar o carro do pobre coitado que não tem dinheiro para pagar imposto e apertar a gurizada que sai para fumar um baseado. Motorista de carro importado nunca precisa sair da sua fortaleza. Pode ter um quilo de cocaína no porta-luva e nada lhe acontece. Já a gurizada que anda de Uno, Fusca, Gol, tem que sair, abrir o porta mala e colocar a mão no capô para também ser revistado. Se encontram uma ponta de baseado já passa a noite na delegacia.
É tudo uma questão de comando. Quem tem o controle da polícia é quem pensa que só o rico é cidadão. Pobre é marginal até que se prove o contrário. E o policial, coitado, vive no paradoxo. De dia tem que proteger a classe A e de noite tem que tirar o uniforme para poder voltar pra casa. O culpado é quem manda, ou seja, os políticos, ou seja, a alta burguesia.
Vamos aos exemplos. No futebol que apanha é o pessoal da arquibancada. Tudo começa nas filas. Já está tudo extremamente tumultuado, crianças chorando esmagadas pela turba, quando o brigadiano resolve “botar ordem” na rapaziada. Como um cavaleiro medieval desembainha a espada e joga o cavalo sobre a multidão. Basta um sussurro de “filho da puta” para uma pancadaria generalizada. Dentro do estádio não é diferente. Com 30, 40, 50 mil pessoas aglomeradas num único lugar é normal que ocorram algumas brigas. Aí entra a figura do “deixa disso”, que deveria ser o papel principal da polícia. Quando começa a troca de sopapos o que acontece? Cassetada indiscriminada dos brigadianos em quem estiver por perto, bomba de gás, bala de borracha. Tudo porque dois imbecis se estranharam na arquibancada e a polícia não teve capacidade de simplesmente chegar e separar os brigões. Nas cadeiras as brigas são resolvidas pelos torcedores, sem a presença da polícia. Ou seja, onde não tem polícia, não tem confusão.
Agora a moda é blitz nas principais avenidas da cidade. O pessoal dos carros importados se sente seguro ao ser abordado com toda a delicadeza: “documentos, por favor”, “muito obrigado senhor, tenha uma boa noite”. Será que existe alguma ilusão de que um bandido, bandido mesmo, vá passar por uma blitz? O que eles fazem é confiscar o carro do pobre coitado que não tem dinheiro para pagar imposto e apertar a gurizada que sai para fumar um baseado. Motorista de carro importado nunca precisa sair da sua fortaleza. Pode ter um quilo de cocaína no porta-luva e nada lhe acontece. Já a gurizada que anda de Uno, Fusca, Gol, tem que sair, abrir o porta mala e colocar a mão no capô para também ser revistado. Se encontram uma ponta de baseado já passa a noite na delegacia.
É tudo uma questão de comando. Quem tem o controle da polícia é quem pensa que só o rico é cidadão. Pobre é marginal até que se prove o contrário. E o policial, coitado, vive no paradoxo. De dia tem que proteger a classe A e de noite tem que tirar o uniforme para poder voltar pra casa. O culpado é quem manda, ou seja, os políticos, ou seja, a alta burguesia.
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