sexta-feira, junho 22, 2007

Vida Rocker

Não é nada fácil a vida de músico. Principalmente para nós, roqueiros de plantão. Até porque somos considerados sub-músicos. Alguma coisa tipo técnicos instrumentistas, bem abaixo do profissionalismo e dos eruditos de salões. De qualquer forma, o Rock não se presta a esses detalhes. Ir contra a ordem estabelecida, ao correto, é uma das suas funções.
O problema é que tudo isso influencia na hora do pagamento. O músico de verdade tem um contrato assinado, ou seja, não importa o que acontecer ele ganha aquele dinheiro pré-estabelecido. Além disso, ele só chega, com o palco montado, afina seu instrumento, toca e vai embora. Já o rocker tem que, primeiro, descolar um amigo que tenha carro para levar a aparelhagem até o boteco. Caso não consiga, paleta para que te quero. Depois tem que montar o palco, passar o som e acertar a iluminação (quando tem). Aí começa a agonia, pois o rocker recebe pela porta; se aparece pouca gente, nada de dinheiro. Mas o show sai de qualquer maneira. Tanto que o mais comum de acontecer é chegar lá pelas 5 horas da madrugada e o cara completamente embriagado receber apenas um aperto de mão do dono do bar porque gastou tudo o que ganharia em trago.
A questão é que faço isso tudo com o maior prazer do mundo. Horas e horas de ensaio, a função dos cartazes, marcar os shows, contatos com o cara da aparelhagem, tudo vale a pena. Subir no palco, sentar o braço na guitarra e ver o sorriso de satisfação no rosto do público, como diz a propaganda, não tem preço.
Enquanto tiver forças continuarei saindo pelas madrugadas, com uma garrafa de qualquer coisa forte, um balde de grude e um pincel para, como um cachorro, parar em todos os postes e colar os cartazes da próxima apresentação. Continuarei carregando a guitarra e o amplificador noite adentro. Tudo porque um dia, na tenra infância, ouvindo um disco dos Ramones a todo volume, me olhei no espelho e decidi:
MINHA VIDA É O ROCK’N’ROLL!!!

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