quinta-feira, agosto 16, 2007

Divagações desconexas sobre o que é Rock'n'Roll - Elvis


Elvis morreu? Apesar da crença de que ele esteja vivo em algum lugar da Argentina, sim, ele morreu. Muitos acreditam que faz muito mais de 30 anos. Como sempre, palavras de Raulzito, em entrevista de 1975:

"Eu quero ver o diabo da religião católica e não quero ver o Elvis hoje. Não tenho saco pra ele cantando hoje em dia. O que fizeram com ele... o que ele deixou que fizessem... aquela coisa gozada, hollyhoodiana, Dean Martin... Eu gosto do Elvis até 1958, quando ele fez o quarto e último filme dele, pra mim: King Creole, Balada Sangrenta. O Elvis que eu gostava era até aí. Jailhouse Rock, Love Me Tender, Loving You. Nesses filmes ele foi ele mesmo, com aquela coisa peculiar, nova, bonita que ele fez."

Outro depoimento, agora de Roberto Muggiati:

"Basicamente, é a história de um jovem simples que não soube sobreviver a uma sociedade e a uma época complicadas. Sua trajetória repete a de milhões de outros jovens perseguindo um único objetivo existencial: pegar uma guitarra e sair cantando pelo mundo."

Para nossa geração é muito difícil falar de Elvis e das coisas de seu tempo. Não vivemos a revolução. Somos apenas o resto de algo que não deu certo, e devemos nossa existência a isso. Mas já li, vi e ouvi muita coisa sobre Elvis. Acho que assim como ele foi a representação de toda a rebeldia e ânsia por liberdade de uma geração, também foi usado como um boneco para fazer essa atitude render milhões de dólares. Em um certo momento de sua carreira, Elvis deixou de ser um cantor de Rock para se tornar uma marca.
Quem sabe não foi justamente isso que acabou por influenciar toda uma nova geração. Elvis foi a base da atitude e o aprendizado de que ela é mais importante do que a fama e o dinheiro. Ganhou milhões, mas aparenta ter tomado escolhas durante sua vida que o levaram a uma certa fustração. Apesar de suas aparições apoteóticas, ele sabia que alguma coisa não estava certa. Mas ele estava lá, como que controlando a coisa toda. Tenho aqui em mãos Elvis as recorded at Madison Square Garden, de 1972, que é uma obra prima. Imaginem: apenas um ano antes das gravações de The Song Remains The Same, do Led Zeppelin.
O Rei do Rock'n'Roll sempre foi e sempre será rei. E pela primeira vez tenho que discordar de Raul Seixas.

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