É, no mínimo, um engano pensar no Rock apenas como música. Ele foi o grande evento cultural do século XX. Comportamento, moda, atitude, revolução. Tanto que depois da sua apropriação pelo mercado, a juventude vive perdida, sem uma válvula de escape para a rebeldia própria da idade. O mundo de hoje se contenta em formar futuros consumidores de anti-depressivos.
Pois bem, a análise parte sempre de Raul Seixas, que foi a mais perfeita personificação do espírito do Rock'n'Roll. Ele sabia que não estava de acordo com a sociedade de sua época e buscou refúgio nos discos de Elvis, Jerry Lee e Chuck Berry. Essa inconformidade reflete-se nas letras. Tomemos como exemplo seu grito mais famoso:
Pois bem, a análise parte sempre de Raul Seixas, que foi a mais perfeita personificação do espírito do Rock'n'Roll. Ele sabia que não estava de acordo com a sociedade de sua época e buscou refúgio nos discos de Elvis, Jerry Lee e Chuck Berry. Essa inconformidade reflete-se nas letras. Tomemos como exemplo seu grito mais famoso:
FAÇA O QUE TU QUERES, HÁ DE SER TUDO DA LEI!
É puro anarquismo!
Proudhon disse: "minha consciência me pertence, minha justiça me pertence e minha liberdade é soberana". Além disso, vislumbrava que "a revolução social estará seriamente comprometida se for alcançada através de uma revolução política". Era o ser humano quem ele mirava, não instituições, governos, partidos ou ideologias. Raulzito tinha essa mesma noção, transcrita em versos como "o que eu quero é o que eu penso e o que eu faço", "já não há mais culpado nem inocente / cada pessoa ou coisa é diferente / já que é assim baseado em que você pune / quem não é você?", "O meu egoísmo é tão egoísta / que o auge do meu egoísmo é querer ajudar".
Imagino que na época do Rock'n'Roll, o capitalismo estava apenas preocupado com o dinheiro. Hoje eles querem nossa mente, querem escravos. Qual o objetivo de quem monta uma banda em nossos dias? Ganhar dinheiro, ficar famoso. Por isso as letras são completamente idiotas. Quem entra no jogo já está de antemão cooptado pelo sistema. Raulzito amargou longos anos recebendo batidas de porta na cara das gravadoras por conta da sua fama de "baderneiro". Nem por isso se vendeu, ou deixou de defender e lutar pelo que acreditava. Ou seja, o dinheiro não era o mais importante.
Rock é rebeldia. O Rock morreu.
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