quinta-feira, agosto 09, 2007

Governo


Não acredito que a política possa resolver os problemas das pessoas. Nem mesmo em uma sociedade de "seres políticos" como alguns gostariam de ver. São literalmente milhares de anos dedicados a uma ciência improdutiva. Um esforço físico, psíquico e intelectual que só conseguiu gerar esse mundo que vivemos, ou seja, um esforço da dominação. Todo o discurso humano direcionado para os interesses de uma casta, a satisfações de desejos que resultam em morte.
É com essa carga de desprezo que olho para o que chamamos de governo, mais especificamente o governo da Dona Yeda. Entramos no oitavo mês de uma "gestão" (como eles gostam de falar) em que os únicos benefícios foram aqueles sentidos nos escritórios de outros países, nas sedes dos latifúndios e na burocracia partidária. Não tenho nenhuma informação privilegiada, apenas fatos estampados por todo os jornais.

Em poucos meses houve uma troca de cargos em todas as instâncias responsáveis pelo Meio Ambiente simplesmente porque os antigos titulares estavam mal-e-mal fazendo seu trabalho. Produziram um relatório, chamado Zoneamento Ambiental, que, em resumo, definia as áreas onde poderiam ser plantados os eucaliptos das papeleiras. Eis que os senhores Carlos Augusto Lira Aguiar (diretor da Aracruz), Jukka Harmala (presidente da Stora Enso) e Albano Chagas Vieira (diretor do Gurpo Votorantim) não gostaram muito da idéia. Foi o que bastou para a Dona Yeda demitir seus secretários e convocar outros que não colocassem empecilhos ao avanço da monocultura de eucalipto.

Aos 100 dias de governo, outra crise, agora com o secretário de Segurança. O "estrelão" quis aparecer mais que a governadora e acabou mexendo onde não devia: na máfia dos caça-níqueis. Deu no que deu. Agora o novo secretário anda numa cruzada contra a cachaça, no melhor estilo Joseph McCarthy. Foram esquecidos os jogos. No fim dessa 'crise' me pergunto se a polícia é tão cega assim, que não enxerga os bingos e salas de jogos espalhadas pela cidade. Só depois de muito tempo fui me dar conta que quem manda fechar esses negócios é o pessoal dos carros importados. Como eles acham que "não dá mais para andar na rua", não vêm onde estão as máquinas. Enquanto isso as cadeias estão cada vez mais lotadas de jovens negros desempregados.

Nos último dias foi a vez da Educação receber seu brinde. Na contra-mão de todas as pesquisas em educação e pedagogia, o governo lançou o processo de "enturmação". As turmas que tiverem menos de 35 alunos serão fundidas, podendo, inclusive, serem colocados estudantes de séries diferentes numa mesma turma. E o professor? Que se foda. E o aluno? Que se foda. O que eles querem é economizar dinheiro para pagar as empreiteiras, os especuladores e manter os privilégios fiscais das grandes empresas.

A única coisa que realmente melhorou a olhos vistos foi a sede municipal do PSDB, na rua Lopo Gonçalves. O que antes era uma casa velha, com pintura descascada e quase sempre fechada, ou entregue às moscas, recebeu uma bela reforma e o movimento vai até altas horas da noite.

Esse é o reflexo da política nacional: cargos geram dinheiro, que gera cargos, que geram dinheiro......

E o povo? Bem, o povo que se foda.

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