segunda-feira, outubro 08, 2007

Os bons piratas

A expressão mais ouvida em qualquer centro de grande cidade é “CD, DVD, Play1, Play2”. Pirataria. Já comentei antes que as lojas de discos estão às moscas, e não é sem razão. Qual o preço de um CD? Os mais baratos giram em torno de R$20. Claro, temos as promoções de R$10, e até de R$5, mas sabemos que tipo de disco é.
O que resta para o povão é a pirataria. Como não comprar um CD com toda a discografia da sua banda favorita por R$5? Ou pagar o preço abusivo dos cinemas, quando todos os lançamentos estão ali na calçada?
Pois bem, estou com a revista Rolling Stone de setembro em mãos. A matéria “Metamorfose Ambulante” trata das modificações do mercado perante este fato. As gravadoras estão muito preocupadas com a queda nas vendas, principalmente por conta da pirataria e dos downloads. Os executivos reclamam e dizem que “a situação do mercado no Brasil é séria, até grave. Pela queda do mercado, que vem se acentuando, devido à pirataria, que é crime organizado, que fomenta o tráfico e a guerra, quanta gente perdeu o emprego?” (Alexandre Schiavo, gerente da Sony/BMG). Seu escritório tinha 500 pessoas e hoje conta com apenas 90. Exigem incentivos do governo para que possam baratear seus produtos.
Agora eu pergunto: quantos jovens viram uma oportunidade de tirar a barriga da miséria com a venda de discos piratas? E o povo, que passou a ter acesso à música do seu artista preferido? Músico nunca ganhou dinheiro com venda de disco. Músico ganha dinheiro em show. É por isso que muitos deles não estão nem aí para a pirataria. Claro que Metallica e o pagodeiro Belo reclamam. Afinal, têm contratos fartos com as gravadoras. Mas os músicos de verdade, aqueles que estão lutando para aparecer, estão felizes da vida com a profusão de música barata, seja na internet, seja nas calçadas.

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