Noite. É, sim, mas não é esse o ponto. Um prato de massa, enrolar um cigarro, preparar um café... não, também não é isso. São três ou quatro livros pendentes, que me olham de todos os cantos da casa... é, quase... não. O ponto é que a desilusão faz parte de vida. O ponto é assimilar essa parada. Aula de filosofia. O professor, segundo dizem, é um dos mais importantes da Europa. Ele enche a boca para dizer que a filosofia tem três perguntas fundamentais: “o que existe?”, “como existe?” e “por que existe alguma coisa ao invés de nada?”. Eu sou um cara simples, que gosta de coisas simples. Mas tomo o maior cuidado para não ser simples a ponto de ser um idiota. À primeira pergunta, o grande filósofo chamado Quine, a pouco tempo atrás, respondeu “genialmente”, segundo o genial professor, “tudo”. Perceberam a sutileza? Pergunta: o que existe? Resposta: tudo. A segunda pergunta é um pouco mais complexa. Envolve o conceito de verdade e outros importantes fatores que os filósofos discutem desde Aristóteles, não, muito antes, desde Parmênides. Quase três mil anos de discussão para entender o mundo e, no fim, hoje se admite que o senso comum é o que mais se aproxima da verdade. Ou seja, todos nós sabemos como é o mundo. Então chegamos à terceira pergunta e a resposta brilhante é: não tem resposta. É impossível saber porque existem as coisas ao invés de nada.
Sim, é noite. Massa, cigarro, café e se essa é a filosofia, sinceramente, não quero fazer filosofia. Posso admitir a importância das tais perguntas fundamentais, mas depois de 2,5 mil anos acho que podemos dar um passo adiante. Até porque, entre Platão e Aristóteles, já temos todas as respostas. O resto é imitação. No meu mundo humano, demasiado humano (só para fazer pose de filósofo) as novas perguntas fundamentais seriam: “por que, no ano da graça de 2011, ainda existem pessoas que passam fome?”, “qual a necessidade de fazer guerras?”, “como chegar ao real valor das coisas, das pessoas e das idéias?”. Poderia prosseguir por um bom pedaço de texto, mas essas três parecem o suficiente para iniciar um pensamento. E penso que só refletindo sobre questões desse tipo podemos realmente mudar alguma coisa no nosso mundo que, convenhamos, é completamente irracional.
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