“A condição social não pode ser para o indivíduo uma diminuição da sua dignidade, não pode ser nada menos que um aumento. É preciso portanto que a JUSTIÇA, nome com o qual designamos acima de tudo a parte da moral que caracteriza o sujeito em sociedade, seja mais que uma idéia; é preciso que essa seja ao mesmo tempo uma REALIDADE. É preciso, digamos, que essa aja não somente como noção do conhecimento, relação econômica, formula de ordem, mas também como força da alma, forma da vontade, energia interior, instinto social. É razoável pensar que, se a Justiça permaneceu até hoje impotente, isso se deve ao fato que, como faculdade, força motriz, nós a havemos inteiramente mal interpretada; que a sua cultura permaneceu negligenciada; que não há marchado no seu desenvolvimento com o mesmo passo da inteligência; enfim que nós a consideramos como uma fantasia da nossa imaginação ou a impressão misteriosa de uma vontade estranha. É preciso portanto, mais uma vez, que nós sentamos essa Justiça em nós, na consciência, como uma volúpia, um amor, uma alegria, uma cólera; que nós estejamos seguros de sua excelência seja do ponto de vista da nossa felicidade pessoal que daquele da conservação social; que, com esse zelo sagrado da Justiça e com a sua falta se expliquem todos os fatos da nossa vida cotidiana, seus estatutos, suas utopias, suas perturbações, suas corrupções; e que nos apareça enfim como o princípio, o meio e o fim, a explicação e a sanção do nosso destino. Em duas palavras uma FORÇA de Justiça, e não simplesmente uma noção de Justiça, força que, aumentando para o indivíduo a dignidade, a segurança e a felicidade, assegure ao mesmo tempo a ordem social contra a incursão do egoísmo: eis o que procura a filosofia, e fora do que não pode existir sociedade.”
Pierre-Joseph Proudhon, A justiça na revolução e na igreja.
Este é mais um autor que corrobora a idéia de que a verdadeira revolução é individual. De que nos adianta uma revolução feita com a mesma mentalidade de poder que domina a humanidade até hoje? Trocar um poder pelo outro... não nos serve. Somente quando conseguirmos mudar a essência do ser humano, a revolução individual, poderemos ter algo de novo em nossa história e, aí sim, partir para a construção de um novo mundo. O caminho é o pensamento. Pensar nossa essência e descobrir o real valor das coisas (materiais, espirituais, sentimentais...). Para atingir o caminho precisamos, primeiro, parar, esquecer, buscar o silêncio e o nada. Não existem regras. Cada um é livre para escolher sua parte no caminho. Mas para a humanidade é necessário escolher o caminho.
Um comentário:
Reforma Íntima, é o que cada um precisa dar de presente a si mesmo. Um mergulho dentro de si, no fundo da nossa alma, buscando aquilo que temos de melhor e ainda não percebemos, porque o mundo exterior nos domina e somos acostumados com o que nos induzem a nos acostumar. É tão simples e ao mesmo tempo tão difícil. Mas vale a tentativa, lenta e gradual...
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