segunda-feira, julho 30, 2007

Areia, calor e sangue

Sobrevoou sua cabeça gritando o quero-quero e se perdeu no campo sem fim. "Chegou o momento, é agora, daqui não passa". Uma satisfação percorreu seu corpo enquanto seus olhos miravam o que havia restado do pampa. Pensou na mulher, que a esta altura devia estar lavando a louça do almoço, quieta e resignada no seu papel de mulher. O calor de fevereiro tornava turva a imagem do horizonte, que se sabia seco depois da coxilha. O famoso deserto gaúcho.
Estava em alguma parte de Alegrete, onde exatamente não saberia responder. Sua estância era um deserto no meio do nada, ninguém conhecia, talvez nem existisse, nem em mapa, nem em memórias. Há anos ninguém passava por ali. Bicho nenhum ousava atravessar esta terra.
Esfregou as mão num gesto de prazer enquanto se levantava, mas voltou atrás. Seria melhor esperar, deixar os corações baterem um pouco mais.
Como dizia, há muito tempo que o gado não pisava nesse pasto ralo. Os que não morreram de fome, morreram do tédio do proprietário. Não só boi e vaca, mas também ovelhas, cabritos, porcos, galinhas já viveram e padeceram manchando com sangue o solo quase amarelo deste pedaço de Rio Grande. Tudo para transformar o marasmo do estancieiro em alegria e poder. Ele que agora estava ali, inerte, com a vista fixa nas ondas de calor. Olhos sem expressão, mas que brilham de fogo quando o líquido bordô escorre sobre o pêlo dos animais e pinga viscoso na terra. Olhos que vibram com mais uma vida que se perde em suas mãos. Matar é o último prazer, o último refúgio. Vidas em jogo, vidas suas que determinava o fim assim que lhe parecesse caber o fim. Matar e deixar a carcaça à intempérie para virar carniça e transformar o ar inerte do verão.
Acabava-se o mate, contando o tempo para o fim de mais uma de suas vidas. Inquieto, raspava a unha do indicador contra a verruga do polegar na esperança de um aperitivo vermelho para sua bombacha cinza. O ronco da última cuia marca o veredicto. Numa cerimônia solene levantou de sua cadeira, afivelou a guaiaca, aprumou o chapéu e iniciou a marcha rumo ao destino que escolhera estar em suas mãos.
Sob a soleira da porta observou o deserto de dentro, silêncio cortado por estalos de madeiras que se ajustam ao calor. Nos passos metálicos de esporas cresciam o terror e a euforia, visíveis no alargamento dos lábios em um sorriso macabro. Pisou forte na lajota da cozinha. A mulher virou-se, e com uma faca na mão lhe estendeu o cabo. Ele então segurou o instrumento, olhou seu reflexo na lâmina afiada, e num movimento brusco cravou-a no bucho daquela quase ex-vivente. Nos olhos espremidos de dor sem mágoa viu-se satisfeito com mais um espírito que desencarnava. Terminado o êxtase livrou-se daquele monte de carne e osso sem razão do lado de fora, sob o sol de verão.
Chegava ao fim, havia agora só mais uma vítima.

sexta-feira, julho 27, 2007

Movimento

Nessa época de maravilhas, posso dizer tranqüilamente que uma delas é passar a tarde em casa. Mente já distorcida. A única dúvida é entre Jefferson Airplane e Lynard Skynard. A única preocupação é com a lasanha que está no forno. Sinto-me um verdadeiro privilegiado.
Faço parte da menor minoria: os que sabem o quanto isso tudo que está aí fora é uma palhaçada.
Nossa organização subversiva semi-clandestina está em plena atividade:

1. No momento estamos muito preocupados com o fato de que as bandas de hoje em dia não fazem mais filmes. The Song Remains The Same, The Wall, Woodstock, Tommy, A Hard Days Night, Rock'n'Roll Circus. O Rock'n'Roll só atingiu a sua magnitude por causa do cinema. O filme Sementes da Violência (Blackboard Jungle) foi o veículo que difundiu (We're Gonna) Rock Around the Clock, de Bill Haley & The Comets, em todo o planeta, para desespero dos donos das salas. Os filmes do Elvis. Jim Morisson era metido a cineasta. Tudo foi reduzido a clipe e agora ao nada.

2. O movimento pró cannabis plantada nos espaços públicos cresce vertiginosamente. Já podemos observar mudas bem desenvolvidas em vários pontos da cidade. A esperança é de que no verão já desfrutemos de deliciosos camarões.

3. Por fim, estamos reunido assinaturas para que seja instituída a lei que proíbe todo ser vivo de fazer aquilo que não quer. Pelo menos até que a coisa se ajeite. O mundo precisa papar um pouco, não para refletir; para não fazer nada mesmo.

Em meio a tantas atividades ainda encontramos um tempo para relaxar e beber uma cervejinha no bar.

quinta-feira, julho 26, 2007

Ditadura


O Brasil não é, nem nunca foi, um país democrático. Quem acredita nisso é cego, imbecil, ou mal-intencionado. A política é apenas a cortina de um teatro muito mais complexo. As aventuras dos governantes satisfazem os desejos da massa, dos ignorantes e da imprensa, enquanto as rédeas do país são domadas nos bastidores do palco.
Na verdade nem tão bastidores assim. O controle político não tem ideologia, só conhece o poder. E por poder entenda-se dinheiro. Portanto, para saber quem manda no Brasil basta olhar as doações para campanhas eleitorais. No site
pode-se ver tudo o que foi doado para a campanha de qualquer candidato. Fui olhar a do presidente Lula, afinal para quem quer governar é ali que o investimento deve ser maior.
Aqui apresento a relação de algumas das empresas que fazem esse país ser o que é:

- Banco Itaú (3,5 milhões para campanha);
- Unibanco (1,3 milhão);
- Banco ABN (1,5 milhão);
- Banco Alvorada (2,5 milhões);
- Gerdau (3,1 milhões);
- FSTP S.A. (responsável pela construção da plataforma P-52 - 2 milhões);
- Embraer (1,3 milhão);
- Construtora OAS (1,7 milhão);
- CSN (2 milhões);
- Ambev (1,5 milhão)
- JBS (exportadora de carnes - 2,5 milhões);
- Cutrale (exportadora de suco de laranja - 4 milhões);
- Votorantim (1 milhão).

Chega? Bem, essas são as empresas. Como doadores particulares aparecem encabeçando a lista Alexandre Grendene, Pedro Grendene e Eike Batista, com depósitos de 1 milhão cada.
Constatamos, assim, que toda a burocracia, legislatura e orçamento da nação são destinados a favorecer esses grupos acima listados. Duvida? Então leia o diário oficial e veja se as leis e projetos aprovados não dizem respeito direta ou indiretamente a algum deles. O Brasil vive na ditadura e o povo segue trabalhando para sustentar os privilégios dessa meia dúzia, muito mais preocupado com a novela, as amantes dos senadores e o Campeonato Brasileiro. É a triste realidade brasileira.

quarta-feira, julho 25, 2007

ACM

Eu não acreditei na morte de ACM. Achava que o cara era eterno, imortal. Não por ter feito um pacto com o diabo, mas por ser o próprio, ou representante direto dele. E a nossa imprensa abre espaço para um bando de imbecis aparecerem incensando o morto, como se ele tivesse sido importantíssimo para a história do Brasil. Por favor, esse já vai tarde!!!
Entre todas as mentiras, a melhor e mais engraçada foi a mentira oficial, que reproduzo abaixo:

NOTA OFICIAL DO DEMOCRATAS SOBRE ACM
Brasília, 20 de julho de 2007

Sob a emoção e o pesar pela morte do senador Antonio Carlos Magalhães, os Democratas vêm a público assumir o compromisso de lutar pelos mais necessitados com a mesma bravura e a mesma lealdade do político baiano. Sem escolher ou temer adversário algum, Antonio Carlos Magalhães esteve ao lado dos que mais precisam da força dos seus líderes. Ele era um guerreiro heróico, um estrategista da política que sabia superar sua condição humana para transformar o futuro do seu país e a vida das pessoas, principalmente a vida do povo baiano. A Bahia era sua razão de viver.
Temido pelos fortes e adorado pelos fracos, porque jamais teve medo de fazer o que julgava certo e verdadeiro, Antonio Carlos Magalhães teve papel essencial na transição democrática e no fim do regime militar (sic). Ele tinha a coragem de se expor, quando todos se omitiam. Esta é a maior e a mais respeitável característica de um líder. Este é um dos grandes legados de Antonio Carlos Magalhães ao seu país, ao seu Partido e aos seus descendentes.
Agradeço ao senador Antonio Carlos Magalhães pelo tratamento paternal que me dispensou nos últimos dez anos. Tenho orgulho e sinto saudades da nossa convivência. Ao deputado federal Antonio Carlos Magalhães Neto, meu amigo e grande líder baiano, assim como a todos os membros da família, manifesto, em meu nome e no nome do nosso Partido, as mais sentidas condolências neste momento de dor e sofrimento pela perda irreparável.

RODRIGO MAIA
Presidente dos Democratas

Que cara de pau!!! Imagino que o tal Rodrigo Maia sequer ficou vermelho ao escrever esse texto. Não é à toa que o Brasil é a zona que vemos.
Continuamos nossa campanha de NÃO AO TRABALHO. Chega de escravidão, não vamos mais sustentar os parasitas!

terça-feira, julho 24, 2007

O objetivo de Kurt

Alexandre ‘Slide’ é um grande guitarrista. Não que seja um virtuose ou “piruliteiro”; ele conseguiu a façanha de desenvolver um estilo próprio de tocar. A maneira como muda a afinação é fantástica.
Pois sábado encontrei esse grande guitarrista no Revival Rock Bar, em Caxias. Depois de alguma conversa notei que ele estava um pouco nervoso. “É que não posso mais beber. Meu fígado já era”. Com essa afirmação entramos no papo da idade. Minha namorada já tinha notado que o bar estava “meio estranho”. Claro, nós três, sentados num canto escuro do balcão, éramos os mais velhos, bem mais velhos que a maioria da gurizada. Lá pelas tantas o ‘Slide’ foi ao banheiro e voltou indignado. “Uma guria me empurrou e disse ‘sai pra lá tio’. Eu vou embora”. E saiu. Até porque ele tinha que tocar numa churrascaria domingo de meio dia, e ficar no boteco sem beber nada é muito chato.
Com essa despedida fui assistir ao show. A banda faria um tributo aos Cascavelletes. Gostei da idéia de homenagear os nossos rockers. Com certeza a banda arrumou a famosa demo tape, já que tocaram músicas muito loucas como aquela “eu tenho uma barata, debaixo da minha cama, eu sei que ela me ama, eu sei que ela me ama....”. Eu já estava até dançando no meio da gurizada quando o vocalista se manifesta: “é isso aí pessoal, boa noite”. Como assim boa noite? E Sob Um Céu de Blues? Cascavelletes sem Sob um Céu de Blues é o mesmo que Led Zeppelin sem Stairway to Heaven.
Peço outra cerveja com o pensamento fixo de que estou mesmo ficando velho e rabugento, como deve ser todo velho. Enquanto molho a goela o DJ bota um Nirvana para tocar. “Báh, agora essa gurizada vem abaixo”, pensei. Ledo engano. Nenhuma manifestação. Comecei a reparar nos lábios e ninguém acompanhava a letra da música.
Kurt Cobain morreu por nada. Pouco mais de 13 anos da sua morte e já está esquecido. Se soubesse disso, talvez nunca tivesse dado aquele balaço na cabeça. Que paradoxo: o último Rock Star matou-se justamente porque não queria ser um Rock Star. Kurt Cobain queria ser um Alexandre ‘Slide’ e levar uma vida fudida, mas real. Queria fazer seu som em botecos escuros e ter alguns poucos fãs que realmente entendessem sua música. O que me leva a crer que, se existe um culpado pela morte do Kurt, fora ele mesmo, é a MTV. O Nirvana foi o símbolo da era do vídeo clipe, dos anos 90. A TV conseguiu transformar ser protesto em espetáculo até o ponto de ele sentir-se tão vazio que a única saída foi a morte.
Tomei meu último trago com um sentimento de simpatia pelo Kurt. Finalmente ele conseguiu seu objetivo: deixou de ser um Rock Star.

segunda-feira, julho 23, 2007

Filho da puta

Manhã fria de inverno. O sol é só um enfeite no céu. Camiseta, blusão, moletom, jaqueta, e mesmo assim os músculos estremecem com as rajadas de vento gelado.
Da outra esquina vem um casal de mendigos. Ela com uma garrafa de cachaça na mão, ele com uma sacola vazia. Devem carregar todos os seus trapos no corpo, que mesmo assim parece pornograficamente descoberto. Nada de meias sob os sapatos furados. Calças rasgadas que não passam da metade das canelas. É impossível identificar as roupas do tronco.
Na parada de ônibus estamos eu e outro jovem. O mendigo vem em nossa direção com a mão estendida: “uma moedinha?”. Não, não temos moedas. Vão-se os mendigos. O cara me olha e diz: “vagabundo, por que não vai trabalhar?”. Arregalo os olhos, incrédulo. “Assim a vida é fácil, sai pedindo dinheiro por aí, come, bebe e vive na boa. Como se a gente tivesse que trabalhar para sustentar esses vagabundos”.
Penso em responder alguma coisa, mas desisto. Não vele a pena.
Vivem na boa? Garanto que o playboy nem vai acampar para não sentir frio. Fica o dia todo num escritório climatizado, toma banho com estufa no banheiro, dorme com quantos cobertores quiser.
Não existe outra definição para esse rapaz: é um filho da puta!

quarta-feira, julho 18, 2007

Erva

Palavras de Robert Nesta Marley:

"Usamos cannabis, sabe?

Usamos erva. A erva é a cura da nação diante da quieta destruição da humanidade. A erva é a cura da nação.
Quanto mais se aceita a erva, mais se aceita Rastafari.
A erva é importante, mas a erva é mais importante para aqueles que não aceitam, porque é uma realidade. (...)
Você olha e diz: 'a erva, a erva é uma planta'. Quero dizer, ervas fazem bem em todos os sentidos. Por que essas pessoas que querem fazer tanto bem, a todo mundo, que se denominam governos, e isso e aquilo, por que elas dizem que você não deve usar a erva?
Daí você pára para pensar e não consegue achar.... A gente só ouve elas dizerem: 'não, você não deve usar, porque lhe transforma em um rebelde'.

Contra o quê?"

Plante cannabis nos parques, nos canteiros das ruas, nos pátios de casas, terrenos baldios. Vamos transformar a erva numa praga impossível de controlar.

É UMA PLANTA!

terça-feira, julho 17, 2007

Craques

O Brasil é um país de especialistas. Todo brasileiro é craque em alguma coisa, além de treinador de futebol nas horas vagas.
Vejam a nossa elite: 500 anos de aperfeiçoamento não foram de graça. “Milionários brasileiros têm meio PIB”. É um clube do qual são sócias 130 mil pessoas, ou 0,07% da população. São os maiores craques do mundo em dominação. Poucos mostram a cara, mas são eles que dão as cartas. A última edição de Carta Capital ressalta a omissão do Governo quando o assunto são os “interesses da minoria, dos tradicionais donos do poder nativo e dos eternos colonizadores estrangeiros”. A bola da vez é a classificação dos programas de TV e o plantio de milho transgênico. O pessoal dos carros importados vive num paraíso climatizado, tecnológico e asséptico.
E o povão? Os brasileiros de verdade são craques mundiais em sobrevivência. Quem ergue os braços e dá graças a Deus por ter um emprego ganha R$ 380. Desses, R$ 193,90 vão para a cesta básica, ou como prefere chamar o Dieese, “Ração Essencial”. Digamos que ele tenha cinco filhos, porque sua mulher nunca sequer sonhou com anticoncepcionais, a ração acaba entre o dia 15 e 20 do mês. Roupas, cadernos, cervejinha, utensílios domésticos, passeio no fim de semana, futebol, tudo é sonho para esse brasileiro. 12,4 milhões de pessoas moram em favelas, que crescem a cada dia.
O grande paradoxo: eles têm medo de nós. Os ricos estão cada vez mais longe do seu próprio país. Vivem em cidadelas cercadas por exércitos particulares. Têm medo de andar na rua, suas próprias ruas.
O paradoxo do paradoxo: nada vai acontecer. O cenário poderia ser o ideal para qualquer tipo de revolução, em qualquer lugar do mundo. Menos no Brasil. O povo Brasileiro só quer viver em paz, tranqüilo e com liberdade. Não queremos poder e luxo.
Tenho duas sugestões para resolver essa situação. Primeiro, para a elite que adora reclamar de seus privilégios: vão morar na Europa. Tem aquele ar retrô-chique e não fica tão descarada sua admiração pelos nossos irmãos do Norte.
Agora para quem fica: vamos legalizar as drogas. Assim poderemos viver do consumo de cannabis e da exportação de jogadores de futebol.

segunda-feira, julho 16, 2007

Vaia

Não gosto de escrever sobre notícias do dia-a-dia. O que aí está todos podem ver, e cada um que tire suas próprias conclusões. A imbecilidade é livre.
No entanto, a repercussão de um fato acontecido no último fim de semana merece um comentário. Nosso presidente foi vaiado no Maracanã, o estádio que “vaia até minuto de silêncio”, como diria Nelson Rodrigues. Fosse um jogo de futebol, seria perfeitamente compreensível, afinal o povão, com gosta de dizer o pessoal dos carros importados, não tem educação e respeito.
Sexta não tinha nada de futebol. Era a abertura do Pan, e o povão estava muito longe dali, tentando sobreviver às investidas do “Caveirão”. Quem, por acaso, pode pagar R$150 para ver uma abertura de jogos? Imagino que o estacionamento estava recheado de Mercedes, BMW, Honda.....
O que quero dizer é que o presidente deveria estar feliz com as vaias. Foi a manifestação de quem é contra dar dinheiro para os miseráveis comerem, de quem fica nervoso com duas horas de atraso na sua viagem para a Europa. Foi a revolta de quem não quer ver os negros na Universidade, dos empresários que diminuíram seus lucros de 10 para 9 milhões.
Ou seja, foi a vaia mais reacionária que o “Maraca” já viu.

Festa furada

Seis mesas de sinuca, cerveja gelada e uma jukebox com discos de Rock. Com o cérebro já completamente fora do seu estado natural, nada como chegar em casa. Mesmo nunca tendo pisado lá. “Uma ceva, um Marlboro, duas fichas de sinuca e uma de música”. Eu podia tranqüilamente colocar uma cadeira ao lado das caixas de som e ficar ali sentado a noite toda me embriagando.
Mas como era sábado, o pessoal queria uma “festa”. Pois bem, o Garagem Hermética tinha em cartaz um tributo ao Black Sabbath e mais duas bandas, ou seja, uma opção natural. Acontece que às vezes meus amigos tentam “descobrir” novos lugares e fomos iludidos com a seguinte propaganda: dia 14 de julho – HYPE!? ALL STAR no Cabaret do Beco, a partir das 23h. Aproveitando o maior ícone da atitude rock de todos os tempos, a GIG ROCK realiza uma festa na Av. Independência com os melhores djs rockers da Capital.
Depois de uma certa resistência em deixar a jukebox, fomos para o tal Cabaret. Entramos e de cara percebemos a fria: era uma rave! No som aquele bate-estaca eletrônico e uns tipos estranhos, para dizer o mínimo, pulando enlouquecidos num porão.
Rapidamente bolamos um plano para sairmos sem pagar, não funcionou. Pensei em brigar com o dj (dj rocker, que piada!), mas não ia adiantar porque ele só tinha aqueles CDs. Vencidos, resolvemos acender um baseado para relaxar. Lá pela meiota o segurança chega e manda a gente apagar. Umas duzentas pessoas tomando balas, picos, cafungando até talco de criancinha e o cara manda a gente apagar o baseado! Inacreditável!
Voltamos para o boteco, bêbados e com raiva. Peguei uma ficha e coloquei AC/DC para reanimar o cérebro. As crianças não sabem mais o que é Rock. Estou pensando em entrar na Justiça contra os organizadores dessa palhaçada por propaganda enganosa. E não coloco mais meus pés nesse tal de Cabaret nem amarrado e debaixo de porrada.

sexta-feira, julho 13, 2007

Foda-se Paul McCartney

A vida é mesmo engraçada. Ontem escrevo um texto dizendo que Paul McCartney isso, Paul McCartney aquilo, e hoje me deparo com a seguinte notícia no jornal O Estado de São Paulo: “Vegetarianismo é solução contra aquecimento, diz McCartney”. Palavras de Paul: “cada um pode fazer algo para evitar o chamado efeito estufa, modificando seus hábitos alimentares e substituindo a carne pelos vegetais. A criação de vacas, bois e porcos é um dos principais destruidores do planeta. Quando vemos que a Floresta Amazônica está sendo desmatada pelo chamado ´gado de hambúrgueres´, isto fica mais que óbvio. E dizem que fazem isso em beneficio de nós, quando na verdade ocorre o oposto. Ninguém considera que deve mudar, mas é preciso tomar uma posição com relação a isso”.

Muito bem, seu McCartney, que tal o senhor me dizer de onde vem a soja do seu bife vegetariano? E o trigo do seu pãozinho integral?
Esse discurso serve perfeitamente para o pessoal dos carros importados. “Ufa, agora que sou vegetariano posso pegar meu carro para ir até a esquina sem culpa”. É o mesmo pessoal que considera um grande favor para a sociedade colocar a merda do seu poodle em um saco de petróleo. Que paga um salário de fome para um zelador lavar sua calçada com mangueira. Que fica “indignado” com a derrubada de uma árvore, mas mora num condomínio de luxo que destruiu vários hectares de mata nativa. Que acha um “absurdo” a poluição dos rios, mas despeja tubos de detergente nas pias e privadas da sua casa.
Por favor, não sejamos hipócritas.
Viva o churrasco! Viva a cerveja!

Ah, só para deixar claro: Ringo Star é o mais importante ser humano vivo.

quinta-feira, julho 12, 2007

Paul McCartney


Paul McCartney é o mais importante ser humano vivo. Para o mundo do Rock, indiscutivelmente. É claro que ainda temos Mick Jagger e Keith Richards em mega turnês pelo mundo e Pete Thousand com uma postura cada vez mais rocker. Jimmi Page e Robert Plant também estão vivos, assim como Ozzy Osbourne. Mas a defesa de Paul tem um argumento que supera qualquer outro: ele foi um Beatle.
Depois dessa primeira reflexão, percebo novemente a triste evidência de que o rock morreu. Quem, que apareceu no Rock de 1990 para cá, poderíamos colocar nessa lista? Kurt Cobain, talvez, mas já morreu. Não me venham com os irmãos Oasis. Nada, um deserto de Rock Stars, o que acaba por ser compreendido como a morte do Rock'n'Roll.
Voltemos para Paul McCartney. Vamos analisar fora do mundo da música se alguém é mais importante que ele. Qualquer ex-presidente de qualquer país já está de antemão descartado justamente pelo fato de ter sido presidente de algum país. O que nos obriga a excluir também todo e qualquer político, pelo simples fato de ser político. Ser do exército também exclui da comparação. Os economistas só trabalham para foder o povo. Ciência, hoje em dia, resume-se a uma corrida tenológica sem sentido. Filósofos são grandes técnicos ou grandes chatos.
Só sobra mesmo Paul McCartney. E quando ele morrer, quem ocupa o posto é o Ringo.

Sábado de manhã

Sábado de manhã, hora da classe média ir às compras. O Centro da cidade mais leve pelas preocupações deixadas na sexta. Até as pombas carnívoras e fumantes parecem mais tranqüilas. As velhinhas olham as antiguidades. É o momento de se fazer o que gosta, de voltar à infância, fitas cassete, panelas de pressão, livros rasgados, moedas e candelabros. Os prédios descascando de cartazes e pretos de fuligem. A feira vem de longe, mas sempre está ali. Olhares desconfiados para os carros. Realmente, é uma bela sujeira. Cheiro de mijo e merda pisoteada por sandálias de grife. Restaurantes mais caros. E sobre tudo, um sol que não agride nem mesmo as camisas pretas. Ainda temos inverno, um pouco de vida e motivação.
São esses os pensamentos desconexos que formam a sensação de aconchego, de pertencimento ao lugar. A rua como extensão da casa, a rua individual e coletiva, nossa rua. Um gole de água para ajudar o cérebro de ressaca e animar o pulmão para o primeiro cigarro. As mulheres, todas lindas, disparam felpas de suas saias. Ele chega na esquina e pára à procura de um porto seguro. Uma das pequenas ruas chama numa voz inconsciente. Casas de carros, depósitos do bem mais valioso e paradoxal da nossa civilização. No fim da primeira quadra, o clube.
A grande sala está praticamente vazia. A menina da porta levanta um só olho do jornal. Ele entra, joga a mochila numa cadeira, senta noutra e suspira um cansaço que não existe. Pega um dos livros atirados sobre a mesa.

Guerras colossais em sua estupidez. Aqueles idiotas deviam se achar tão importantes quanto nós e tudo o que conseguiram foi virar chacota em gravuras de livros escolares. O mundo é essa palhaçada que nós vemos, mas tudo segue inalterado. O humano será sempre humano.

Um clarinete toca Yesterday em caixas de som ocultas por prateleiras.

A música mais gravada da história. Bela música. “Renan Calheiros não deixa a presidência do Senado”. “Onde estão os caras pintadas?”. Estão lutando por um restaurante na Faculdade de Educação Física. Página 3.

Entra mais uma pessoa. A menina desvia o mesmo olho. O senhor de bigode e boné levanta dois dedos da mão direita e segue reto. Tipos estranhos e um vento gelado. A rua nunca tem sol. Norman Mayler, A Luta. O maior combate entre dois homens do século XX. Levanta para mais um cigarro. Um homem-mula sobe a rua com seu lixo. Senhoras encasacadas em peles correm para a porta do restaurante. Todos são muito conhecidos. As palavras traem a sensação, desvirtuam a análise.
O cérebro continua vazio. Só pensamentos instantâneos. A menina segue hipnotizada pelas letras. Vozes se aproximam. Acenos de cabeça e apertos de mão. “Já vou indo”. O mesmo olho. A mesma vida. Sábado de manhã.

terça-feira, julho 10, 2007

Como água

Uma vila qualquer de Porto Alegre. Sexta-feira, por volta das 16h da tarde. A pausa no inverno deixa o povo confuso. Há poucas horas a hi society mostrava seus corpos em bares de cerveja cara. Na viela, um boteco clandestino com sinuca e cachaça. Uma senhora, uma moça e um guri estão sentados em frente à porta, tomando tranqüilamente seu chimarrão.

- Parece que a Cootravipa vai começar a assinar carteira.
- É, muita gente entrou com processo. Eles acabam perdendo mais dinheiro não assinando.
- Se bem que hoje em dia pro trabalhador não vale a pena emprego de assinar carteira. O cara ganha mais trabalhando por conta. Não adianta nada pagar a vida toda o INSS e no fim o dinheiro é o mesmo que se aposentar por idade.
- Eu tenho um tio que trabalha vendendo rapadura em Torres que ganha bem mais que um salário. Ainda mais com a vantagem de trabalhar a hora que quiser, acordar a hora que quiser.
- E não dá dinheiro pra sustentar esses políticos. Só o salário deles é oito mil e pouco. Eles não fazem a menor idéia do que é um salário para nós.
- É por isso que nas eleições eles saem distribuindo dinheiro. Nenhum quer perder essa boquinha. Eu vou continuar cuidando do bar aqui. Abro a hora que eu quero, não me incomodo com nada e ganho meu dinheirinho.
- E eu vou continuar controlando a freguesia.

A velha faz um sinal de aprovação com a cabeça. Todos riem. E fica cristalino como água que o sistema ignora totalmente a sociedade brasileira. As instituições oficiais, a mídia, ou qualquer coisa que se diga representante da vontade do povo; nenhum deles sabe o que se passa com 80% da população desse país. As pessoas só querem levar uma vida tranqüila fazendo aquilo que gostam. Nada mais. Mas existe uma meia dúzia de filhos da puta que têm um chilique se o seu lucro baixa de dez milhões por mês e decidem demitir ou explorar ainda mais seus escravos. A grande massa, sem alternativas, vai se arrumando do jeito que dá. E o que todos queriam era só uma vida digna e com liberdade.

Desculpas

Desculpem-me os leitores deste blog pela falta de postagens diárias. Tenho tido problemas com a tecnologia avançadíssima que instalaram lá em casa. Prometo que compenso logo a falta de textos.
Um abraço.

sexta-feira, julho 06, 2007

Heróis

É obvio que me inspiro em Lester Bangs. Um dia desses um cara chegou e me jogou na cara essa verdade, como se fosse me ofender. Olhei para ele e disse exatamente isso: "é obvio que me inspiro em Lester Bangs".
Todos temos os nossos heróis. No último texto falei muito de Jim Morrison. Ele é um herói. Comprei o livro, não exatamente o das poesias do Jim, mas uma biografia, escrita por Jerry Hopkins e Daniel Sugerman, cujo nome é Daqui Ninguém Sai Vivo (No One Here Get's Out Alive). Permito-me reproduzir aqui o primeiro parágrafo do prefácio de Sugerman:
"Jim Morrison estava no bom caminho para se tornar um herói mítico ainda em vida - ele era, poucos o contestarão, uma lenda viva. A sua morte, envolta em mistério e numa especulação contínua, completou a consagração, assegurando-lhe um lugar no panteão dos artistas dilacerados e talentosos, que sentiram demasiadamente a vida para conseguirem vivê-la: Arthur Rimbaud, Charles Baudelaire, Lenny Bruce, Dylan Thomas, James Dean, Jimi Hendrix e outros".
Aí está, um herói. E não há nada de errado em termos nossos heróis. O que seria da minha infância se não fossem os Ramones? Mas meu primeiro herói foi o Humberto Gessinger, dos Engenheiros do Hawaii. O primeiro disco que comprei na vida foi o Alívio Imediato. Duas músicas de estúdio, Nau à Deriva e Alívio Imediato. O resto é ao vivo, gravado no Canecão em julho de 1989. Para uma criança com 9 anos de idade, as coisas que o Gessinger fala geram uma interpretação do futuro. Frases como "a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante" soam quase proféticas. É uma daquelas frases que não dizem nada, mas passamos boa parte da vida tentando compreender seu sentido e sentimento. Hoje pode parecer banal. No entanto duvido de alguém com mais de 25 anos que não tenha cantado sozinho o refrão de Era Um Garoto... enquanto andava pela rua.
A não ser que sejamos tão loucos quanto um Nietzche, temos heróis que influenciam nossa vida. Não tenho vergonha nenhuma de falar e defender meus heróis. Não quero ser nada além de mim, mas só sou que sou por conta de tudo o que li, ouvi e vivi. Se acham que sou influenciado por Lester Bangs, melhor. É claro que sou.

terça-feira, julho 03, 2007

Tecnologia


Com um exemplo, pretendo dizer tudo o que penso sobre a tecnologia. Um dia combinamos de tocar com os amigos da Road House Band, Daniel (vocalista) e Iguana (baterista). O Nano, que é o Daniel, e fã incondicional de Jim Morrison, trouxe um CD com toda a discografia do Doors, incluindo raridades e discos ao vivo.
Chega a ser assustador. O trabalho de uma vida. Juntar toda uma discografia, ou pelo menos o suficiente para ter noção de que nunca estaria completa, era coisa de aficcionado. Eu, por exemplo, passei anos colecionando discos do Doors. Nunca tive o "The Soft Parade". Durante a juventude me considerava o fã número um dos Ramones, mas nunca tive o "Half Way To Sanity". Só uma fita que um amigo gravou. Isso para dizer que hoje o disco perdeu o valor que tinha naquela época. Um sacrifício. Horas e horas em lojas. O cara era amigo do vendedor de discos assim como do livreiro. E o vendedor de discos era o cara que mais sabia de música, assim como o livreiro sabe de livros. Na verdade essa relação ainda existe, mas continuam sendo os mesmos aficcionados do tempo em que era generalizada a relação das pessoas com os discos e as lojas de disco. É só passar na frente de uma. Vazias. Todas as lojas de disco estão vazias.
Mas isso é só uma constatação. Eu considero uma grande vantagem, a tecnologia. Há alguns dias chegou aqui em casa um disco do Lynard Skynard. Sem contar da que já pode ser chamada coleção de discos de Blues. Os sete primeiros discos do Elvis. Toda a discografia da Janis, do Raul, do Casa das Máquinas. Jefferson Airplane, ZZ Top, Legião Urbana, Kiss, David Bowie. Qualquer coisa. Uma revolução, overdose de Rock'n'Roll. Acho até que precisamos criar mais cursos de Rock por aí. Já tem aquela faculdade da Unisinos. Tem alguns almoços temáticos no Studio Clio. Mas os cursos têm que exigir uma carga horária de aulas práticas maior do que teoricas. Uma pessoa nunca vai ser Rocker só conhecendo todas as bandas de Rock. O candidato a Rocker tem que enfrentar a noite. Economia não explica a arte da sobrevivência depois do dia 15, quando o cara provavelmente já gastou todo seu dinheiro no bar. A antropologia ainda não sabe explicar a maneira de conversar com o bandido para não ser assaltado. Só com muito treino o candidato a Rocker consegue beber parelho a noite toda e não fazer papelão nas festas. Se contarmos que o Keith Richards ainda faz os dele, talvez essa seja uma coisa impossível de aprender. Sem essa vivência não vai adiantar de nada o acesso a todos os discos de Rock.
Na verdade essa reflexão toda veio depois de perceber que Jim Morrison não é cantor, e sim um declamador de poesias que se empolgava e saía gritando por aí. "An American Prayer" é um excelente disco. Outro que eu não tinha do Doors; só ouvia na casa de amigos. Agora é obrigatória a aquisição do livro do Jim que tem pelos sebos da cidade. E depois dizem que o cara não era nada, que não fazia literatura. Legítimo preconceito. Jim Morrison é a marca de uma geração, sem exageros. É um Jack Kerouak, um Hemingway. Não conheço os poetas norte americanos. Por que Cazuza é poeta e Jim Morrison não? Eu sei que não tem comparação, mas penso como um brasileiro.
Temos que entender que Jim Morrison é um poeta para aproveitar os discos que a tecnologia nos proporciona.

segunda-feira, julho 02, 2007

Entrevista Psicótica 2


Tardes livres resumem-se em fumaceira na sala. Indiferente ao cotidiano de carros que nunca param, ônibus que transportam a mercadoria humana para a periferia e passos que nunca vão desgastar as pedras da calçada. O sol impotente de inverno abandona as roupas loucas para secar. Som de serra, martelos e, como que resistindo a tudo, uma gaita de boca. Blues. Meio melancólico fecho os olhos enterrado no sofá até que ouço uma voz inconfundível: "the blues heals". É John Lee Hooker que se apresenta para mais uma entrevista psicótica.

Devaneios: Qual é a sensação de ter morrido no auge, reconhecido e celebrado por diversos nomes da música?
John Lee Hooker: Meu amigo, tu não fazes a menor idéia do que foi meu auge. Tenta imaginar: 1945, um boteco de jogatina clandestino, uma garrafa de Bourbon na mesa, os melhores músicos de Blues e uma senhorita louca para me conhecer. Ainda acha que o auge foi aquele velho decrépito do fim da vida?
Devaneios: Desculpa, é que hoje em dia temos a mania de pensar em dinheiro, fama...
John Lee Hooker: Todos nós sempre pensamos em dinheiro. Mas ele não é, e nem chega perto de ser, a coisa mais importante da vida. Eu, por exemplo, só segui meu destino. Quando saí do Delta, fui trabalhar como zelador nas fábricas de automóveis em Detroit, mas nunca abandonei minha raíz. Tempos difíceis fazem Blues, dor e sofrimento fazem Blues. E eu segui este destino, com minha guitarra vagando pela madrugada a cantar as coisas que minha geração deixou para trás. No fim fim deu tudo certo, não deu?
Devaneios: Fale um pouco da música. De onde ela vem?
John Lee Hooker: A música está dentro de cada um de nós. Eu nasci no Mississipi, o que deve ter uma certa influência na minha musicalidade, mas acredito que o Blues sempre esteve dentro de mim. Ele veio do meu pai, do meu avô, da alma que acompanhou meu corpo. Cantar a dor foi a única coisa que soube fazer a vida toda. Quando ficava só, naqueles quartos de pensão barata, aquilo era Blues. Quando curtia as festas regadas a uísque barato, aquilo era Blues. Quando via meu povo na rua, desempregado e com fome, aquilo era Blues.
Devaneios: Você teve uma relação intensa com músicos brancos e bem mais jovens, como Van Morrison, por exemplo.
John Lee Hooker: Quando o Rock surgiu, o Blues andava meio desmoralizado. Alguns caras achavam que era uma música escapista, que se conformava com a situação de explorado do negro. Bobagem! O maior paradoxo é que foram justamente os brancos que entenderam o verdadeiro sentido do Blues e o usaram para expressar aquele rebeldia reprimida que tinham. Foi a ressurreição. Alguns ficaram contra mim e outros colegas porque tocávamos para um público de brancos. Mas bem, você sabe, música não tem cor.
Devaneios: A música é comprida, mas já está chegando no final. Para terminar, nos diga como andam as coisas por aí.
John Lee Hooker: Tudo tranqüilo. Arrumei um cantinho escuro aqui no Red Light e minha guitarra fica sempre ligada. Sabe como é, vira e mexe alguém pede uma participação especial.....

Foi-se. Estou até agora tocando o riff de "Boom, Boom, Boom" com a certeza de que i will never get out of this blues alive.