sexta-feira, dezembro 10, 2010

Canned Heat - "Boogie With Canned Heat"


Boogie. Pesado. Alguém, por acaso, sabe o peso do blues? Para alguns é tão suave que “fly away” sem incomodar ninguém. Para outros é tão pesado que transforma um coração de pedra em pura gelatina. Para mim, ele seguramente tem os mais de 100 quilos de Bob “The Bear” Hite, vocalista e idealizador do Canned Heat, uma das grandes bandas de blues americanas do fim dos anos `60 e início dos `70.

Que me perdoe o professor que disse que em matéria de Blues só vale o que é “negro e dos Estados Unidos”. Se bem que metade da lição vale para esses rapazes da Califórnia, porém são todos brancos. Para quem ainda não sabe quem são, essa é a famosa banda do gordinho do Woodstock, e o gordinho é justamente “The Bear”.

A especialidade da turma é o boogie woogie. Não à toa que o disco principal, e que resume melhor a ópera da banda é “Boogie with Canned Heat”, de 1968, que justamente lhes valeu o convite para a apresentação no antológico festival citado acima. Com essa obra, eles se consolidaram como uma das principais referências do dito “novo blues”, o ressurgimento que teve o estilo no final dos anos `60 através dos rapazes brancos que buscavam algum tipo de raiz nos velhos blues negros do Delta e de Chicago, não só dos EUA, como também da Inglaterra, vide a tropa formada por Animals, Eric Clapton, Rolling Stones, John Mayall. Na real, em termos históricos, podemos dizer que o Canned Heat faz parte da reação americana aos britânicos que se meteram a fazer Blues e apavoraram com o Rock`n`Roll na metade dos `60.

O disco em questão é o segundo da banda e contém algumas pérolas como “An Owl Song”, onde Bear canta com uma vozinha suave que ao imaginar sua figura dá pra se mijar de rir, “On the Road Again”, talvez uma das músicas que ficaram famosas mundialmente, e “Whiskey Headed Woman, no. 2”, que abre o disco em grande estilo e dá a letra do que vem na sequência. Resumindo, esse é um daqueles discos pra botar na vitrola e esquecer do tempo, deixar a mente viajar por um ritmo constante que liga uma música noutra como uma verdadeira obra completa. Enfim, um disco de ouvir do início ao fim.

De `67 até `71 o Canned Heat viveu seu auge como banda. Logo após gravar outro disco clássico “Hooker`n Heat”, disco duplo com ninguém menos que John Lee Hooker, morre o guitarrista e co-fundador da banda Alan Wilson. A banda mantém seu estilo apegado no Roots Blues e segue aos trancos e barrancos nos anos `70, chegando a se separar por breves períodos. Nessa época eles sobreviveram, como muitas bandas, pelo suporte dos motociclistas, uma típica banda Hell Angel. O golpe mais duro, porém, viria em 1981, quando The Bear morre por causa de uma overdose de heroína.

O Canned Heat segue até hoje fazendo shows e gravando discos, mas nunca mais alcançou o auge de quando eram "os gordinhos do Woodstock". Essa é a boa dica para o fim de semana, junto com uma garrafa de vinho, um bom baseado e, claro, a nêga véia para um chamego.

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