Alexandre ‘Slide’ é um grande guitarrista. Não que seja um virtuose ou “piruliteiro”; ele conseguiu a façanha de desenvolver um estilo próprio de tocar. A maneira como muda a afinação é fantástica.
Pois sábado encontrei esse grande guitarrista no Revival Rock Bar, em Caxias. Depois de alguma conversa notei que ele estava um pouco nervoso. “É que não posso mais beber. Meu fígado já era”. Com essa afirmação entramos no papo da idade. Minha namorada já tinha notado que o bar estava “meio estranho”. Claro, nós três, sentados num canto escuro do balcão, éramos os mais velhos, bem mais velhos que a maioria da gurizada. Lá pelas tantas o ‘Slide’ foi ao banheiro e voltou indignado. “Uma guria me empurrou e disse ‘sai pra lá tio’. Eu vou embora”. E saiu. Até porque ele tinha que tocar numa churrascaria domingo de meio dia, e ficar no boteco sem beber nada é muito chato.
Com essa despedida fui assistir ao show. A banda faria um tributo aos Cascavelletes. Gostei da idéia de homenagear os nossos rockers. Com certeza a banda arrumou a famosa demo tape, já que tocaram músicas muito loucas como aquela “eu tenho uma barata, debaixo da minha cama, eu sei que ela me ama, eu sei que ela me ama....”. Eu já estava até dançando no meio da gurizada quando o vocalista se manifesta: “é isso aí pessoal, boa noite”. Como assim boa noite? E Sob Um Céu de Blues? Cascavelletes sem Sob um Céu de Blues é o mesmo que Led Zeppelin sem Stairway to Heaven.
Peço outra cerveja com o pensamento fixo de que estou mesmo ficando velho e rabugento, como deve ser todo velho. Enquanto molho a goela o DJ bota um Nirvana para tocar. “Báh, agora essa gurizada vem abaixo”, pensei. Ledo engano. Nenhuma manifestação. Comecei a reparar nos lábios e ninguém acompanhava a letra da música.
Kurt Cobain morreu por nada. Pouco mais de 13 anos da sua morte e já está esquecido. Se soubesse disso, talvez nunca tivesse dado aquele balaço na cabeça. Que paradoxo: o último Rock Star matou-se justamente porque não queria ser um Rock Star. Kurt Cobain queria ser um Alexandre ‘Slide’ e levar uma vida fudida, mas real. Queria fazer seu som em botecos escuros e ter alguns poucos fãs que realmente entendessem sua música. O que me leva a crer que, se existe um culpado pela morte do Kurt, fora ele mesmo, é a MTV. O Nirvana foi o símbolo da era do vídeo clipe, dos anos 90. A TV conseguiu transformar ser protesto em espetáculo até o ponto de ele sentir-se tão vazio que a única saída foi a morte.
Tomei meu último trago com um sentimento de simpatia pelo Kurt. Finalmente ele conseguiu seu objetivo: deixou de ser um Rock Star.
Pois sábado encontrei esse grande guitarrista no Revival Rock Bar, em Caxias. Depois de alguma conversa notei que ele estava um pouco nervoso. “É que não posso mais beber. Meu fígado já era”. Com essa afirmação entramos no papo da idade. Minha namorada já tinha notado que o bar estava “meio estranho”. Claro, nós três, sentados num canto escuro do balcão, éramos os mais velhos, bem mais velhos que a maioria da gurizada. Lá pelas tantas o ‘Slide’ foi ao banheiro e voltou indignado. “Uma guria me empurrou e disse ‘sai pra lá tio’. Eu vou embora”. E saiu. Até porque ele tinha que tocar numa churrascaria domingo de meio dia, e ficar no boteco sem beber nada é muito chato.
Com essa despedida fui assistir ao show. A banda faria um tributo aos Cascavelletes. Gostei da idéia de homenagear os nossos rockers. Com certeza a banda arrumou a famosa demo tape, já que tocaram músicas muito loucas como aquela “eu tenho uma barata, debaixo da minha cama, eu sei que ela me ama, eu sei que ela me ama....”. Eu já estava até dançando no meio da gurizada quando o vocalista se manifesta: “é isso aí pessoal, boa noite”. Como assim boa noite? E Sob Um Céu de Blues? Cascavelletes sem Sob um Céu de Blues é o mesmo que Led Zeppelin sem Stairway to Heaven.
Peço outra cerveja com o pensamento fixo de que estou mesmo ficando velho e rabugento, como deve ser todo velho. Enquanto molho a goela o DJ bota um Nirvana para tocar. “Báh, agora essa gurizada vem abaixo”, pensei. Ledo engano. Nenhuma manifestação. Comecei a reparar nos lábios e ninguém acompanhava a letra da música.
Kurt Cobain morreu por nada. Pouco mais de 13 anos da sua morte e já está esquecido. Se soubesse disso, talvez nunca tivesse dado aquele balaço na cabeça. Que paradoxo: o último Rock Star matou-se justamente porque não queria ser um Rock Star. Kurt Cobain queria ser um Alexandre ‘Slide’ e levar uma vida fudida, mas real. Queria fazer seu som em botecos escuros e ter alguns poucos fãs que realmente entendessem sua música. O que me leva a crer que, se existe um culpado pela morte do Kurt, fora ele mesmo, é a MTV. O Nirvana foi o símbolo da era do vídeo clipe, dos anos 90. A TV conseguiu transformar ser protesto em espetáculo até o ponto de ele sentir-se tão vazio que a única saída foi a morte.
Tomei meu último trago com um sentimento de simpatia pelo Kurt. Finalmente ele conseguiu seu objetivo: deixou de ser um Rock Star.
Um comentário:
Bá véio...
Me emocionei com este texto. Nós vimos a merda toda acontecer nos anos 90. Quem diria que ia sentir saudade dos anos 90...
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