quinta-feira, janeiro 31, 2008

Crossfire

Amigos, preciso dizer, mais uma vez, que a banda Crossfire é a melhor de todas. E não é só porque eles são o melhor guitarrista, o melhor baixista, o melhor vocalista e o melhor baterista. A banda é fantástica porque eles fazem o som com emoção, eles realmente curtem aquilo que estão tocando.
Graças a deus ontem tivemos mais uma amostra dessa maravilha, no bar Help. Por falar nisso, muito boa essa nova casa de Porto Alegre; bom ambiente, boa música, bebida gelada, mas, e tem sempre um mas, R$ 5 a cerveja continua sendo um absurdo. Se eles cobrassem R$ 3 o povo beberia até não agüentar mais e eles aumentariam o faturamento.
Bom, mas o que importa é Rock’n’Roll, e ontem ouvimos só do bom: Led Zeppelin, Jethro Tull, Black Sabbath, Deep Purple, AC/DC, Metallica..... Ufa! Acho que dá para imaginar, né?
Dançamos, gritamos, bebemos e fumamos até ficar nesse estado que estou agora. Acabado, mas feliz.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

Tesão

Jornalismo se faz com tesão.
E ontem senti um dos maiores da minha vida. Estou falando do programa Histórias do Rock, na Rádio Web Putzgrila (clica aí do lado). Fiquei duas horas falando sobre álcool e Rock, com músicas que faziam alguma referência à bebida.
Por lá passaram entre 40 e 50 ouvintes. Pode parecer pouco para quem imagina uma audiência de milhões de pessoas, mas isso não tem absolutamente nada a ver. Me emocionei, mesmo, com as manifestações do público. As pessoas pareciam estar realmente curtindo o som e as histórias. Com isso, o programa foi ficando cada vez melhor (na minha opinião) e minha empolgação cada vez maior.
Não posso prometer muita coisa, mas uma é certa: tudo o que eu faço, faço com tesão.

terça-feira, janeiro 29, 2008

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Um pouco de poesia. Antiga, mas sempre nova...
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Deslizando sobre as escamas da cobra
Tomo distância do meu coração
E não há bálsamo ou fragrâncias
Que diminuam a dor da saudade

Vida que anseia pela tua voz
Depois de longo pouco tempo
Tenho em tuas mão a lembrança
Do toque suave de tua pele
E do teu sorriso sincero que ilumina meu peito
Perdido no breu da solidão.

Amor, me espere que sempre voltarei
Teu colo é minha verdadeira morada
E só em teus lábios posso respirar
O ar puro da vida que encontrei.

segunda-feira, janeiro 28, 2008

EXTRA, EXTRA, EXTRA

Essa eu não podia deixar passar. Do site da BBC:

Califórnia vende maconha em máquinas automáticas

A partir desta segunda-feira, moradores da Califórnia autorizados a consumir maconha por razões médicas poderão comprar a erva em máquinas de venda automáticas, semelhantes às máquinas que vendem refrigerantes, chocolates ou salgadinhos.
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Que tal uma dessas aqui em POA?

A mentira chama crescimento

O Brasil está crescendo.

Essa afirmativa pode até ser verdade para os olhos da burocracia oficial, dos empresários e dos especuladores do mercado financeiro. Para mim, e acredito que para mais algumas pessoas, o Brasil está encolhendo.
Daqui a alguns anos a Amazônia não será mais a maior floresta do mundo, o Rio Grande do Sul não será mais produtor de carne, São Paulo voltará a viver do comércio de cana de açúcar, o Pantanal será uma plantação de soja e o Nordeste, bem, o Nordeste continuará a viver de seca e turismo sexual. A cada dia aumenta o número de favelados, de desabrigados, de sem-terra. Os escravos devem se submeter a extenuantes jornadas de trabalho para preservar seu emprego de salário mínimo. Nosso sistema educacional é uma maravilha que gera 63% de analfabetos funcionais em toda a população. Os jovens entram no mundo do crime para comprar um Nike ou levar a namorada a um passeio pelo shopping. Corruptos assumem cargos públicos sem o menor constrangimento.

O Brasil está crescendo?

sexta-feira, janeiro 25, 2008

Coisas do Beira Rio...

Histórias acontecem sem querer.
Ontem fomos ver o glorioso Sport Club Internacional estrear no Gigante da Beira Rio. Temperatura agradável para a prática do esporte (no meu caso halterocopismo), torcida animada e bom futebol. O pobre do Veranópolis bem que tentou colocar os onze jogadores dentro do gol, mas nem assim resistiram ao Colorado que, numa jogada em que Nilmar driblou toda a zaga e cruzou, Iarley arrematou de cabeça para as redes.
A alegria só não foi completa porque olhei para os lados e não estavam lá os tradicionais companheiros de jogo, Fran e Fred, que agora moram longe, longe....
Mas fora essa falta, estavam todos lá. O pessoal da MA.CA.CO., o chatão bêbado como sempre, os cambistas “arquibancada e cadeira” e, é claro, o “chocolate, limão e uva”. Estava também um outro companheiro que, assim como nós, assiste ao jogo sempre no mesmo lugar. Sempre, todos os jogos, o que acabou por nos tornar conhecidos. Aquela coisa de “e aí, como é que está o amigo” e nada mais. Ontem ele estava com o filho e a turma completou-se com o Diego Gaita.
Eis que com a alegria dos dois a zero saímos para tomar uma bira juntos no Mac Aurio, enquanto a criança comia um burguer. Conversa vai, conversa vem, e não sei por que cargas d’água o cara, que agora já é Rodrigo, mais conhecido como Camarão, larga a seguinte pérola: “o Fughetti Luz foi meu pai de criação”. Quase me babei todo com a cerveja. Para quem não sabe, o Fughetti foi um dos pioneiros do Rock aqui no Rio Grande. Alguma coisa tipo o que o Raul Seixas foi para a Bahia. Suas bandas Liverpool e Bixo da Seda são cultuadas por todos aqueles que sabem apreciar o bom Rock’n’Roll. Pergunto por onde anda o cara. “Ele está morando num sítio lá em Tapes. Faz tempo que a gente não vai lá comer um churrasco, né filhão?”. “Pior, já to com saudades dele”.
Aí fico pensando, será que só eu me emociono com esse tipo de coisa? O Camarão ainda me conta que viajou o Brasil inteiro com o Bixo da Seda, que conhece todos os grandes rockers, que fez muita festa com os caras....
Para resumir: de conhecido, o Camarão passou a ser considerado um grande amigo.

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Vergonha

Um dos maiores mitos da teoria capitalista é o de que qualquer pessoa pode vencer pelos seus próprios esforços. Vencer, para eles, significa acumular bens. Quem não consegue ter sua casa, seu carro, seus eletrodomésticos, a esposa que enche o saco, quinze dias de férias e um trabalho escravo durante o ano todo é porque não tem capacidade. São os restos sobre os quais não há nada o que fazer. Coisas da meritocracia...
Proponho, então, que os amigos pensem um pouco sobre o mundo que nos cerca. Em todas as cidades, e aqui em Porto Alegre principalmente, vemos os chamados “homens-mula”. Imaginem a vida desse cidadão. Ele acorda antes do sol nascer, em um barraco de compensado e brasilit, talvez com uma parede de tijolo (que agora está barato). Não tem vaso sanitário, não tem pia. Ele nem sonha com escovas de dente. Do lado de fora, onde está o seu carrinho, o esgoto escorre a céu aberto. Sua mulher grávida e os três filhos amontoados na mesma cama que há pouco ele também estava. Esse cidadão, de pés descalços, começa a percorrer as ruas da cidade em busca do lixo dos vencedores. O asfalto começa a esquentar com o andar da manhã. Nada de comida, até que encontra um “macaquinho” na cerca de um prédio. Arroz e massa frios. São, pelo menos, três viagens até o galpão que recolhe o lixo, carregando algumas centenas de quilos nas costas. Esse cidadão volta pra casa já de noite com um saco de arroz e um de feijão. Não, ele não comprou, ganhou de uma velhinha que ficou com pena dele.
Mais ou menos nessa mesma hora chega em casa o representante da classe dos carros importados. Ele voltou de um coquetel com empresários regado a uísque 18 anos. Seu dia foi recheado de reuniões importantes. Hoje fecharam uma das unidades de produção da fábrica. Com o dólar baixo não vale a pena exportar. A mulher está vendo TV, o filho no computador. Ninguém parece se importar com sua chegada. Ele vai até o bar e serve mais uma dose. Senta no seu sofá de couro e liga o rádio. O locutor reverbera: “é uma vergonha a quantidade de carroças nas ruas da cidade. O trânsito fica lento, as fezes dos cavalos poluem o ar...”. O jovem executivo concorda: “esse país é uma vergonha”.
Pois é, no fim todos concordamos.

terça-feira, janeiro 22, 2008

Notícias e notícias

Amigos e amigas, essa notícia é fantástica: Seu Barriga vai perder a barriga!
Sim, é isso mesmo. O ator Edgar Vivar, que interpreta o famoso personagem do Chaves submeteu-se a uma cirurgia para emagrecer. E, vejam o que é o avanço da medicina, ele instalou um “marcapasso gástrico” (seja lá o que isso significa) para atingir o seu objetivo. Ou seja, o gordinho quer virar galã.

Realmente, o mundo das celebridades é muito interessante. O portal do MSN, por exemplo, traz notícias altamente relevantes para esse meu dia. “Filho de Christina Aguilera é circuncidado”, por exemplo, é uma delas. Imagino o glorioso jornalista que foi deslocado para o hospital a fim de acompanhar o procedimento. Este é um cidadão que honra a nossa profissão. Jornalismo investigativo de primeira.

Enquanto isso, no mundo real, a fazenda do traficante Abadia foi vendida para um empresário pela metade do valor que foi avaliada. Para quem não entende muito bem o que é concentração de terra este é um bom exemplo: um cidadão comprou um terreno capaz de abrigar 300 famílias.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Entrevista psicótica - IV

Durante o último fim de semana fui aos copos, como diriam nossos patrícios portugueses. Eis que chego em casa completamente embriagado, junto com os primeiros raios da manhã de domingo, e presencio mais uma daquelas cenas alucinógenas que costumam acontecer na sala do Apartamento 2. Depois de mijar no vaso e redondezas vou para o rádio e coloco qualquer coisa, que no caso é Janis Joplin. Sento no sofá para aproveitar a incrível sensação de helicóptero que o uísque proporciona ao meu cérebro. Eis que, quando penso em tomar mais um gole de qualquer coisa alguém me estende uma garrafa de Southern Comfort. É ela, a gordinha-mor do Rock’n’Roll sentada ao meu lado. Mesmo alcoolizado meu instinto jornalístico fala mais alto e realizo ali mais uma entrevista pasicótica.

DEVANEIOS: Janis, andei lendo uma biografia sua, escrita por Myra Friedman....
JANIS: Pois é, coitada.... Deixa eu te explicar umas coisas. A Myra era uma garotinha muito careta, daquelas famílias tradicionais de judeus dos Estados Unidos. Ela não gostava de beber, não gostava de usar drogas e... bem, acho que tinha uma queda por mim, já que nunca vi ela com nenhum cara. Imagina! Naquele tempo a gente transava como coelho, não tínhamos essas doenças que vocês têm agora. Bem, de qualquer forma isso explica um pouco sobre o livro que ela escreveu. Na verdade eu era uma garota normal daqueles muito loucos anos 60 e era ELA quem não conseguia se ajustar. Talvez tenha descontado isso falando que a Janis isso, a Janis aquilo, mas não tem nada a ver. Eu não era uma maníaca sexual e só dava festas como todos davam naquela época.
DEVANEIOS: E a sua visita ao Brasil? Parece que você gostou aqui da nossa terrinha.
JANIS: Há, foi maravilhoso!!! Fui com o David Niehaus e fizemos muita festa no Rio de Janeiro e em Salvador. Encontrei até um maluco que tinha conhecido nos Estados Unidos.... como é mesmo o nome dele...
DEVANEIOS: Serguei?
JANIS: Isso, isso! É o Serguei. Que figura, tava super a fim do David, mas não liberei. Pô, o cara tava me comendo e eu não podia perder assim para um cara!
DEVANEIOS: Nós sabemos que você sempre foi mais do trago do que das drogas. Por que o vício em heroína?
JANIS: Tu já tomou nos canos?
DEVANEIOS: Não.
JANIS: Então não posso te explicar.
DEVANEIOS: E a sua relação com os Hells Angels?
JANIS: Aquela galera era muito louca. Imagina que em São Francisco o pessoal só pensava em ácido, maconha, e, lá de vez em quando, uma bolinha. Eu queria era ficar bêbada!!! Na época ninguém bebia mais que os Angels, então foi meio natural que eu me aproximasse deles. Eu só não gostava muito da violência, mas nunca fizeram nada contra mim ou meus amigos. Então, tudo tranqüilo.
DEVANEIOS: Você tinha também uma relação com o pessoal do Southern Comfort.
JANIS: Eles são maravilhosos!!! Tu acredita que me deram um casaco de peles só porque eu bebia o uísque deles no palco?

Tomai mais um gole e desmaiei. Acordei com uma puta ressaca e com a impressão de que foi tudo um sonho....

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Passaram dos limites

As pessoas podem ter a opinião que quiserem sobre o MST, mas esse governo está passando dos limites. As forças de “segurança” do Estado mobilizaram 700, isso mesmo, 700 policiais para uma ação de busca e apreensão no local onde era realizado o XXIV Encontro Estadual do movimento.

Setecentos policiais para não achar nada, em um encontro pacífico, de um movimento legítimo.

Vejo na imprensa que no próximo dia 22 de janeiro realizar-se-á o coquetel de lançamento do XXI Fórum da Liberdade. Sugiro ao governo que mande um efetivo ao Centro de Convenções do Iguatemi Corporate. Não precisa ser de 700 brigadianos. Pode ser uns cinco fiscais da Receita Federal e uns dez policiais federais. Os 700 brigadianos não conseguiram prender ninguém do MST. Garanto esses 15 que mencionei acima conseguem lotar uma carceragem da PF depois desse coquetel.

quinta-feira, janeiro 17, 2008

Só um pouquinho....

Jornalistas e prêmios Nobel não precisam pensar. O jornalista, uma vez que alcança tal status, apenas reproduz o que os outros falam, mesmo que sejam homéricas bobagens. Já os prêmios Nobel, foram investidos pela Academia Sueca de passe livre para falar qualquer coisa, o que acaba se tornando lei.
Ontem pude comprovar essa observação ao assistir o jornal “Em cima da hora”, do canal de notícias Globo News. A matéria versava sobre a possível recessão na economia norte-americana e seus reflexos no Brasil. Lá pelas tantas, o repórter Roberto Kovalick entrevista o ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 2003, Robert Engle, para embasar e dar credibilidade à sua reportagem. E o que o senhor Engle responde sobre as possibilidades de recessão nos EUA?

“Existe 50% de chance de os Estados Unidos entrar em recessão em 2008”.

É, de fato, uma resposta incrível, principalmente se tratando do estudioso que inventou o “modelo econométrico”. Sugiro ao colega Kovalick que da próxima vez venha me entrevistar. Posso dizer: “É provável que a maior economia do mundo entre em recessão, mas também é provável que não aconteça nada”. Ou quem sabe “a economia dos Estados Unidos pode, ou não, entrar em recessão”.
É incrível, também, que o repórter leve ao ar tal bobagem sem nem mesmo questionar o “economista”.
Não sei se estou ficando muito ranzinza, mas esse tipo de reportagem dói no ouvido. Não custa nada pensar um pouquinho, só um pouquinho....

quarta-feira, janeiro 16, 2008

...

Ressaca..... janeiro..... maldito mês de formaturas..... parabéns cabecinha..... ai..... ai...... ai....... dói.... sono.... boca seca..... cérebro fundido..... merda fedida..... chega.....

terça-feira, janeiro 15, 2008

De pernas pro ar

Esse mundo anda mesmo de pernas pro ar, para citar Eduardo Galeano. Senão vejamos:

- A Amazônia é responsável pelo aumento das exportações de carne bovina; enquanto isso o pessoal quer plantar árvores aqui no nosso pampa.
- O pessoal dos carros importados quer cada vez mais dinheiro, e cada vez mais reclama que não pode sair às ruas com medo de ser assaltado.
- Os presídios estão cada vez mais lotados, a polícia cada vez mais violenta e a planta continua proibida de ser plantada.
- As estradas matam mais que as guerras, que o álcool, que o cigarro, e as propagandas prometem carros cada vez mais potentes e rápidos.

E, só para não me estender, vejo que o ursinho da Zero Hora abriu os olhos hoje. Graças a Deus deu certo o tratamento com cobertores e mamadeiras. O mundo de fato está cada vez melhor...... de pernas pro ar.

segunda-feira, janeiro 14, 2008

"Eu gosto de tudo"

Se tem coisa que me deixa irritado é a seguinte resposta: “Eu gosto de tudo”.
Como assim “eu gosto de tudo”?
Todo mundo tem uma comida que não gosta. Eu, por exemplo, nunca botei uma berinjela na boca, e mesmo assim odeio berinjela. O mesmo acontece com mocotó. Mas sempre que surge o assunto comida alguém larga o famoso “eu gosto de tudo”.
No entanto, o pior não é o tudo culinário. O que me deixa puto da cara é o tudo musical. É absolutamente impossível gostar de todos os tipos de música. Quem abre a boca para falar “eu gosto de tudo” em relação à música é porque na verdade não gosta de música. Eu gosto de Rock, blues, um pouco de jazz, musica gaudéria, das roots, e era isso. Odeio pagode, samba, MPB, R&B, eletrônica, funk, sertanejo, blá, blá, blá. Mas, e este é o ponto a que quero chegar, respeito as pessoas que gostam desses estilos. Por exemplo, o cara chega e diz “eu sou pagodeiro”. Muito bem, vá ouvir o seu pagode. “Eu gosto de Chico Buarque”, não sei qual é o seu problema, mas vá lá, ouça o Chico o quanto quiser.
Então, por favor, pensem um pouco antes de dizer “eu gosto de tudo”. Sua personalidade depende disso.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Aula de jornalismo

Eu sou um cara chato, muito chato.
Eis que começo meu dia olhando novamente os sites de notícia: Terra, BBC, Estadão, Folha, Correio do Povo, O Globo, Google News, iG, Reuters, etc, etc, etc, e todos, sem exceção, dão destaque para o resgate dos reféns das Farc intermediado pelo presidente Hugo Chávez. Não que a notícia seja nova, ela já está nos jornais, mas o fato gerou uma série de repercussões. Consideremos que, além de a notícia não ser assim tão fresquinha, tivemos o temporal desta manhã aqui em Porto Alegre. Milhares de pessoas sem luz, árvores caídas, alagamentos.
Isso posto, vamos para o site da Zero Hora. Como sempre, o orgulho do jornalismo gaúcho foge da mídia padronizada. Nada de cópia dos outros jornais ou sites da internet. Jornalismo de verdade, super-atualizado.

Primeira manchete: “120 mil pessoas estão sem luz na Região Metropolitana”. Justo, justíssimo.

Segunda manchete: “Parque do Planeta Atlântida passa por últimas vistorias”. É claro que um evento desses merece toda a cobertura, antes mesmo de acontecer.

Terceira manchete: “Jogadores vão às compras em Abu Dhabi”, e o lide “Renan aconselhou Marcão a não comprar videogame mais caro em shopping na capital dos Emirados”. Uma notícia de alta relevância para os torcedores Colorados.
(pulei a manchete “deles”)

Quarta manchete: “Na hora que beijei, só pensei na minha mãe”. O primeiro beijo do Big Brother, ocorrido há dois dias, é de fato um dos principais acontecimentos do Brasil.

Quinta manchete: “Lázaro e Taís têm noite de Top Model”. Importantíssimo, afinal o mundo da moda está todo voltado para o Fashion Rio.

Sexta manchete: “As múltiplas versões da caipirinha”. Impossível passar o verão sem um guia completo como esse.

Sétima manchete, a última, no pé da página: “Farc enviam prova de vida de reféns”.

Como vemos, a Zero Hora tem um nome a zelar. Não pode compactuar com a imprensa comunista do centro do país. Esse Chávez é mesmo um bandido que não merece atenção nas páginas de um jornal tão imparcial e criterioso como este.
Graças a Deus moramos no RS, o lar do Grupo RBS.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Uma ótima notícia

Todos têm uma rotina, por menor que seja, e a minha é dar uma olhada nos sites de notícia, já na primeira parte da manhã (minha manhã). Na verdade nem precisava tanto, todos falam a mesma coisa. Hoje por exemplo temos: eleições nos EUA, atentado no Paquistão, obras do Masp, Oi quer comprar a BrT, Lula quer aumentar impostos, Bush no Oriente médio, primeiro beijo do Big Brother, crise energética, etc, etc, etc.
Na caça de alguma notícia de verdade vou vasculhando o mundo digital. BBC, Reuters, Folha de São Paulo, Estadão, Jornal do Brasil, nada de interessante, uma cópia generalizada. Até que me deparo com Zero Hora, orgulho do jornalismo gaúcho, e encontro a seguinte manchete:

“Ursinho polar ganha cobertor”

Era tudo o que eu precisava. Parece-me que o mundo está mais tranqüilo agora. A humanidade tem salvação: só um ser elevado e de extrema sensibilidade daria um cobertor para um “ursinho” polar. Mas não é só isso, ele, que ainda não tem nome, ganha uma mamadeira a cada quatro horas.
Agora posso andar sem preocupação pelas ruas de Porto Alegre nesse tórrido verão. Nada vai abalar minha alegria. Os pedintes, os mendigos, as filas nos hospitais, os desempregados, as injustiças, nada disso tem importância, afinal, um “ursinho” polar vai sobreviver na Alemanha.

quarta-feira, janeiro 09, 2008

Eleições dos EUA

Estou emocionado com a corrida presidencial dos Estados Unidos. Já vejo os diretores de Hollywood escolhendo os atores que interpretarão Hillary e Obama no filme que será lançado no ano que vem. Um verdadeiro show de democracia, diriam os mais empolgados. E na verdade é isso mesmo, somente um show.
Todas as campanhas dos postulantes a escolhidos pelos partidos dependem de vultosas somas de dinheiro. Se escolhidos, triplica a necessidade de dólares para gerar convencimento nas massas. Porém, todo dinheiro tem um preço. É por isso que nenhum dos candidatos promete tirar os Marines do Iraque, ou reduzir as emissões de carbono, ou diminuir os subsídios à agricultura, principalmente às grandes empresas da cadeia do milho. É das pessoas que controlam esses setores que vem a grana para as campanhas, tanto de democratas quanto de republicanos. O dinheiro não tem bandeira, até porque os próprios partidos não têm.
Como é tudo um espetáculo que não vai fazer diferença nenhuma nas nossas vidas, além de encher páginas de jornal, torço para que ganhe o Obama. Pelo menos os racistas serão obrigados a aturar por quatro anos um negrão mandando na vida deles.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Veja (quanta merda)

A publicação de extrema-direita chamada Veja vem essa semana às bancas querendo impor coisas importantes para seus leitores. Já na capa consideram que “a vida passou a ser regulada por regras”. A matéria ensina em poucos passos a sermos felizes no casamento, no trabalho, a educar os filhos e, é claro, melhorar a vida sexual. Fico imaginando o que os médicos da Universidade de Harvard sabem sobre sexo. Sugiro aos leitores algo mais útil, como um Kama Sutra, por exemplo, ou quem sabe uma passadinha na Zil Vídeo.
Sobre o reconhecido e admirado arquiteto Oscar Niemeyer, a revista larga a seguinte nota: “mais uma do gênio oficial”. Como se só a burocracia petista o considerasse um gênio.
Para acabar, e não perder mais um minuto sequer analisando essa porcaria, Veja faz um paralelo entre José Bové e Norman Borlaug. O Bové todos conhecemos, é o bigodinho de Asterix que andou arrancando umas mudas de transgênicos aqui durante o Fórum Social Mundial. Já Norman Barlaug é o responsável pela chegada aqui nessas plagas do Raundup e outros quetais que a propaganda incucou nas cabeças fracas o nome de “revolução verde”. Ou seja, foi o responsável, aqui no nosso estado, por acabar com toda a diversidade das nossas florestas e transformar nossa terra em um monótono verde sem fim, sem variação, que toma banhos de veneno por avião e que não alimenta ninguém, a não ser porcos e vacas. Para a revista, Borlaug é revolucionário e Bové é reacionário.
Por favor, meus amigos, passem longe dessa revista. O que me tranqüiliza é que seus leitores são apenas o pessoal dos carros importados. É até bom que Veja seja seu parâmetro, assim é mais fácil de identificar os inimigos.

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Bolsa de valores

Tenho sérias dúvidas sobre os movimentos da bolsa de valores. É óbvio que devem ser dúvidas idiotas, facilmente explicáveis por mentes mais esclarecidas.
Algumas empresas como a Gerdau, ou a Vale do Rio Doce, por exemplo, têm suas ações valorizadas dia após dia. Seus papéis fazem parte de qualquer carteira de investidor, pois representam uma segurança em face de negócios mais arriscados.
Aí vem a primeira pergunta: será que eles aumentam diariamente a sua produção de ferro e aço?
Bem, até aí tudo bem, até podemos supor que seja um aumento de valor verdadeiro. Vamos aos números. Uma ação Gerdau PN começou o ano de 2007 valendo R$35, e terminou em R$51. Digamos que um cidadão tivesse, em janeiro, 35 mil reais para investir e tenha comprado tudo em ações desse tipo. Em dezembro ele pode comemorar o recebimento de um salário mensal de R$1.333, ou uma bolada de R$16.000. Que feliz cidadão; em um ano ganhou um carro. Apesar de ser um bom investimento, os valores parecem ainda pequenos. Mas, se contarmos que a Gerdau S.A. tem 436 milhões de ações preferenciais, temos que a empresa rendeu R$6.976.000.000.000.
Será que existe esse número? Qual é o respaldo no mundo real que tem tamanha quantia?
O mercado financeiro opera em termos totalmente subjetivos. Digamos que a imprensa comece a divulgar notícias sobre a poluição que as siderúrgicas promovem, ou a insatisfação dos trabalhadores, ou, quem sabe, algum caso de corrupção dentro da empresa. As ações, com certeza, caem de valor, e todo aquele número estrondoso do parágrafo anterior simplesmente some, de um dia para o outro. Vemos que a empresa entra em crise sem ter reduzido um milímetro sequer de chapas de aço fundidas.
Mas é claro que isso não acontece. Essas grandes corporações têm um atuante e sempre atento sistema de relações públicas. Esse setor é tão importante quanto o chão de fábrica para o lucro da empresa. São eles que tratam do sistema subjetivo que transforma a Gerdau, por exemplo, em um dos “orgulhos do Brasil”. Como é que pode, uma empresa que só visa o lucro e o engorde das contas dos seus donos ser um dos “orgulhos do Brasil”?
Enquanto as pessoas aceitarem esse tipo de valor que não tem nada, absolutamente nada a ver com a realidade, continuaremos a viver entre números como 6.976.000.000.000..........

quinta-feira, janeiro 03, 2008

Leituras


Agora que sou jornalista, tenho tempo de sobra para descobrir novas leituras. A mais recente é o livro Ó Jerusalém, de Larry Collins e Dominique Lapierre. A obra conta a história da formação do Estado do Israel e todos os conflitos que daí decorreram. Apenas uma pergunta ronda minha mente durante a leitura: por que ambos os povos precisam de um Estado religioso?



Na cabeceira da minha cama está O Sol é Para Todos, de Nelle Harper Lee. É uma obra autobiográfica na qual a autora conta parte de sua infância no Alabama. A história é meio água com açúcar, mas é importante para percebermos o quanto o racismo era (como se ainda não fosse...) forte nos Estados Unidos. Para quem não sabe, Harper Lee era amiga de infância de Truman Capote e foi sua assistente durante as pesquisas que resultaram no livro A Sangue Frio.

Já na mochila, está o Cartas Abertas ao Presidente, de Norman Mailer, uma verdadeira aula de jornalismo. Fora a tiração de onda e o humor cáustico que permeiam todos os ensaios do livro, Mailer faz constatações importantes sobre a imprensa. A certa altura ele afirma que os jornais deixaram de simplesmente mostrar os fatos e passaram a fabricar as notícias. Este fato, que muitos ainda não conseguem ver, já era evidenciado por ele em 1963.


Por fim, sigo com meus estudos anarquistas, agora com o clássico Sistema das Contradições Econômicas ou Filosofia da Miséria, de Pierre-Joseph Proudhon. Estou ainda no início do Tomo I, mas já posso visualizar importantes questões, como a noção de valor e de força de trabalho. E assim encerro essa breve postagem literária:

“Toda a propriedade é um roubo”.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Pinheira

A Praia da Pinheira foi, mais uma vez, generosa com a turma. O circuito Camping do Tio Nico / Bar do Passarinho percorrido incontáveis vezes... vale um abraço para o garçom Mike, que além de agüentar os bêbados, se divertiu horrores na virada do ano.
Além de toda a alegria, a Pinheira também proporciona uma reflexão sobre nossa relação com o mundo. Atravessando o morro em direção ao sul, chega-se à Praia do Maço, um pequeno paraíso na Terra. Nada de luz ou civilização... bem, tem o boteco, mas isso de tão fundamental não pode ser considerado.
O que quero dizer é que ali temos uma vaga noção de que não somos absolutamente nada para o mundo. Nós, seres humanos, somos passageiros. O planeta ficará para sempre, apesar de todo nosso esforço para destruí-lo. Precisamos de muito pouco para viver: um teto, peixes, violão, amigos e cerveja. Para quê serve toda essa evolução da humanidade, que não fez nada além de nos deixar dependentes de nós mesmos? Seremos eternos escravos das invenções dos homens? Teremos que viver para sempre presos ao trabalho, ao dinheiro, à cidade e à poluição?
São essas perguntas que atormentam a volta à “civilização”. Não tenho respostas, e provavelmente nunca terei. Mas já seria bom se todos pudessem chegar a essas questões.